Quase 30 dias depois dos últimos anúncios da Petrobras e do governo federal para a gasolina, o preço do litro na bomba finalmente chegou aos níveis que haviam sido projetados ao consumidor final. Tanto em revendas de Cuiabá, quanto em Várzea Grande, é possível encontrar o combustível entre R$ 5,19, R$ 5,23, R$ 5,29, R$ 5,33 e R$ 5,35.
Antes da virada do mês, o governo federal anunciou a retomada da cobrança de tributos sobre os combustíveis, a chamada reoneração, por meio de uma Medida Provisória (MP) que tem validade até o fim de junho. Com a volta da tributação, a gasolina tinha a projeção de subir até R$ 0,34 nas bombas e o etanol, R$ 0,02 com a reoneração parcial dos combustíveis que entrou em vigor no dia 1º, como anunciou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Os valores consideravam a redução de R$ 0,13 para o litro da gasolina e de R$ 0,08 para o litro do diesel anunciados também pela Petrobras.
Na virada de fevereiro para março, quando os novos preços entraram em vigor, tanto os valores do litro para a gasolina quanto ao etanol, assustaram os consumidores, justamente pela distorção entre a expectativa e realidade. Já no dia próprio dia 1º de março, o MT Econômico não encontrou em nenhum posto – na rota realizada – com o bicombustível abaixo de R$ 3,60 e o derivado de petróleo no preço ‘antigo’, ou seja, abaixo de R$ 4,99. A gasolina chegou a R$ 5,69.
Logo após os aumentos, o diretor-executivo do Sindipetróleo, Nelson Soares, justificou que as variações de preços nos postos haviam sido reajustadas fora da realidade da Medida Provisória e que esperava uma correção dos próprios agentes de mercado. “Ao anunciar, primeiro a reoneração para depois de publicar a Medida Provisória, o governo federal abriu margem para que os agentes de mercado cometessem erros de interpretação que levaram à formulação de preços que não correspondem com a realidade da MP. Isto está sendo corrigido ao longo do dia (1º). Acreditamos que a partir de amanhã (dia 2 de março) tudo esteja regularizado e então poderemos avaliar o real impacto do repasse das distribuidoras para os postos”, afirmou o dirigente do sindicato que representa os donos de postos de combustíveis de todo Estado.
E isso ainda não ocorreu nos dias subsequentes conforme expectativa do dirigente patronal, pois até semana passada os preços estavam alinhados em torno de R$ 3,67 para o litro do etanol e em próximo de R$ 5,70 à gasolina. A tal correção “do erro de interpretação” começou pela redução dos preços ao biocombustível na semana passada e sendo reforçada do último final de semana, para cá, com correções negativas sobre a gasolina.
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Ao contrário a expectativa criada pelo Sindipretróleo de que os preços de bomba para o litro da gasolina e do etanol hidratado poderiam recuar, em razão de uma revisão/correção do próprio mercado, os valores aos consumidores seguem nas alturas. No caso do etanol, cuja majoração prevista pelo governo federal era de R$ 0,02, na prática está mais de R$ 0,60 acima do esperado, ou seja, o preço no varejo foi reajustado 32 vezes maior do que o regulado por Medida Provisória. Em alguns postos, o litro do biocombustível saiu de R$ 3,03 para R$ 3,67, como já noticiado ontem aqui pelo MT Econômico, em Várzea Grande.
ANP – Os preços médios do etanol hidratado caíram em 16 Estados, subiram em nove Estados e ficaram estáveis em Alagoas e no Distrito Federal na semana entre 19 e 25 de março. O levantamento é da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Nos postos pesquisados pela ANP em todo o País, o preço médio do etanol caiu 0,51% na semana em relação à anterior, de R$ 3,94 para R$ 3,92 o litro.
O menor preço médio estadual, de R$ 3,62, foi observado em Mato Grosso, enquanto o maior preço médio foi registrado em Amapá, com R$ 5,24 o litro. Em São Paulo, principal Estado produtor, consumidor e com mais postos avaliados, a cotação média caiu 0,26% na semana, de R$ 3,80 para R$ 3,79. A Bahia foi o que teve a maior queda de preços na semana, de 3,63%, de R$ 4,68 para R$ 4,51 o litro.
O etanol ficou competitivo em relação à gasolina somente no Amazonas e em Mato Grosso. No restante dos Estados e no Distrito Federal, continuava mais vantajoso abastecer o carro com gasolina.
Conforme levantamento da ANP, na média dos postos pesquisados no País, o etanol está com paridade de 71,14% ante a gasolina, portanto desfavorável em comparação com o derivado do petróleo. No Amazonas, a paridade estava em 67,07% e, em Mato Grosso, a paridade estava em 66,54%. Executivos do setor observam que o etanol pode ser competitivo mesmo com paridade maior do que 70%, a depender do veículo em que o biocombustível é utilizado. (Com AE-Taxas)