O primeiro mês de vigência do tarifaço americano – sobretaxa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre diversos produtos brasileiros – trouxe efeitos imediatos para as micro e pequenas empresas nacionais. Ainda que o Brasil siga crescendo, com impacto estimado de 0,3% no PIB em razão da medida, empresários já sentem os efeitos na prática e buscam alternativas para preservar receitas e empregos.
Segundo levantamento do SIMPI Nacional, associação civil do Sindicato da Micro e Pequena Indústria, cerca de 35% das micro e pequenas empresas exportadoras foram diretamente afetadas pela tarifa, especialmente as que têm mais de 5% do faturamento vinculado ao mercado americano. Outras 46% obtiveram isenções parciais, enquanto 19% caíram na regra geral.
“Estamos diante de um cenário heterogêneo: há empresas em desespero, com paralisação de planos e queda brusca na atividade, e há aquelas que, mesmo impactadas, conseguem renegociar contratos e seguir adiante. Mas todas estão sob pressão e precisam de suporte. O tarifaço não pode ser a sentença de morte para quem gera emprego e renda no Brasil”, afirma Joseph Couri, presidente do SIMPI Nacional.
Além das perdas diretas, o efeito em cadeia preocupa. Como muitas micro e pequenas empresas fornecem para grandes exportadoras, o impacto se multiplica. A substituição de produtos brasileiros por fornecedores de outros países, já observada em setores como carnes, também agrava o risco de perda de espaço nas cadeias globais.
Apesar disso, medidas de alívio foram implementadas: o governo federal concedeu prorrogação de prazos de impostos para empresas do Simples, além de parcelamentos especiais. Estados abriram linhas de crédito emergenciais e programas de apoio à exportação. Empresários também têm buscado alternativas, como novos mercados, renegociação de lotes e até a absorção parcial do custo da tarifa para manter clientes.
“Não é um problema econômico, é um problema político. E a solução virá do diálogo. Estamos confiantes de que as negociações Brasil-EUA evoluirão, mesmo que de forma lenta, e que a maturidade dos países prevalecerá. Enquanto isso, vemos resiliência e criatividade dos empresários em encontrar saídas. Acreditamos que, apesar do impacto inicial, o Brasil seguirá crescendo, mas queremos mais: queremos prosperidade para todos os envolvidos”, reforça Couri.
Em agosto, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 6,13 bilhões, alta de 3,9% frente ao mesmo mês de 2024. Mas as exportações para os EUA caíram 18,5% no período. Mesmo com a retração, projeções do setor indicam que o impacto se manterá limitado a 0,3% do PIB, garantindo crescimento, ainda que em ritmo menor.
O SIMPI alerta, contudo, que a manutenção do tarifaço pode consolidar a perda de mercados e fragilizar cadeias produtivas, tornando essencial o avanço das negociações diplomáticas.
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