A chamada “taxa das blusinhas” já está. A medida, que visa equilibrar a competição entre comerciantes locais e plataformas estrangeiras, torna as compras diretas de plataformas chinesas mais caras para o consumidor brasileiro. “Com as novas regras de importação, compras de até US$ 50 estão sendo taxadas em 20% de Imposto de Importação, enquanto as que ultrapassarem esse valor e chegarem a US$ 3 mil terão alíquota de 60%, com um desconto de US$ 20 no imposto total. Em ambos os casos, haverá ainda a incidência de 17% de ICMS”, explica Rodrigo Giraldelli, especialista em comércio exterior. Varejistas chinesas projetam que a tributação total, incluindo o ICMS, chegue a 44,5% para compras de até US$ 50 e a 92% para compras acima desse valor.
Nos últimos anos, empresas de e-commerce chinesas, como Shopee e Shein, têm experimentado um crescimento impressionante no Brasil, trazendo consigo desafios e oportunidades para o mercado nacional. Dados do banco de investimentos BTG revelam que a receita bruta com vendas online (GMV) da Shein ultrapassou R$15 bilhões no Brasil no ano passado, enquanto a Shopee alcançou cerca de R$20 bilhões, superando gigantes locais do setor, como C&A e Renner. E a chegada de mais empresas chinesas, como a Temu, intensifica a competição.
“A Temu está utilizando a mesma estratégia agressiva usada nos EUA, com preços baixos e penetração rápida no mercado, isso pode aumentar ainda mais a concorrência. Plataformas como Shopee adotaram estratégias agressivas para conquistar mercado, oferecendo frete grátis e custos reduzidos para os vendedores”, destaca o especialista em comércio exterior com a China há mais de 20 anos.
Essas gigantes chinesas do e-commerce desafiam o mercado nacional e se destacam por sua eficiência operacional e abordagens inovadoras nos negócios, com forte foco na experiência do cliente e na facilidade de uso de seus aplicativos. Para os pequenos lojistas brasileiros, a saída é se diferenciar da concorrência através da criação de uma marca própria. “Ter uma marca própria é mais fácil do que parece. Importar diretamente da China produtos com sua própria marca é muito fácil, porque a China cresceu fabricando marcas próprias para o mundo”, afirma Giraldelli. Ele enfatiza a importância de cortar intermediários para manter a margem de lucro, recomendando que os produtos importados sejam no mínimo 30% mais baratos para garantir o dobro do lucro líquido.
“Enquanto os desafios são muitos, há também oportunidades significativas para aqueles que conseguem se adaptar e inovar. A chegada de mais empresas estrangeiras pode, paradoxalmente, impulsionar o mercado nacional, oferecendo novas oportunidades para os vendedores locais se destacarem e competirem de maneira mais eficaz”, finaliza.