Quem utiliza o cheque especial deve ter notado que no mês de dezembro de 2018 a taxa média de juros no crédito livre ofertado pelos bancos teve alta.
A taxa de juros do cheque especial subiu 6,9 pontos percentuais, em relação a novembro, ao chegar em 312,6% ao ano, em dezembro. No ano, entretanto, houve recuo de 10,4 pontos percentuais nessa taxa de juros.
As regras do cheque especial mudaram no ano passado. Os clientes que utilizam mais de 15% do limite do cheque durante 30 dias consecutivos passaram a receber a oferta de um parcelamento, com taxa de juros menores que a do cheque especial definida pela instituição financeira.
Segundo o chefe do Departamento de Estatísticas do BC, Fernando Rocha, a alta da taxa média do cheque especial em dezembro ocorreu porque uma instituição financeira aumentou os juros dessa modalidade. Além disso, os clientes que permaneceram no cheque especial em dezembro, mês de pagamento do 13º salário, são avaliados com maior risco de inadimplência pelos bancos e pagam juros mais caros.
“As taxas dos juros do cheque especial são as maiores disponíveis no mercado. São linhas de emergência para não serem usadas e se forem usadas, para sair o mais rápido possível”, explicou Rocha. Ele acrescentou que o saldo do cheque especial não cresceu em 2018, indicando que menos pessoas estão usando essa modalidade de crédito.
Para as pessoas físicas, a taxa média de juros no crédito livre passou de 51,6% para 48,9% ao ano de novembro para dezembro. No caso das pessoas jurídicas, ela foi de 20,3% para 18,8% ao ano. Em dezembro de 2017, essas taxas eram de 55,0% e 21,6%, respectivamente.
Entre as principais linhas de crédito livre para a pessoa física destaque para o cheque especial, cuja taxa passou de 305,7% ao ano para 312,6% ao ano de novembro para dezembro. No crédito pessoal, a taxa passou de 45,2% para 41,7% ao ano.
Desde julho do ano passado, os bancos estão oferecendo um parcelamento para dívidas no cheque especial. A opção vale para débitos superiores a R$ 200. A expectativa da Febraban (Federação Brasileira de Bancos) era de que essa migração do cheque especial para linhas mais baratas acelerasse a tendência de queda do juro cobrado ao consumidor. Em junho de 2018, a taxa média do cheque especial estava em 304,9% ao ano.
Rotativo do cartão de crédito
O juro médio total cobrado no rotativo do cartão de crédito subiu 5,6 pontos porcentuais de novembro para dezembro do ano passado. Com isso, a taxa encerrou o ano de 2018 aos 285,4% ao ano. Em novembro, ela estava em 279,8% ao ano e, em dezembro de 2017, em 332,1% ao ano.
O juro do rotativo é uma das taxas mais elevadas entre as avaliadas pelo BC. Dentro desta rubrica, a taxa da modalidade rotativo regular passou de 255,6% para 268,0% ao ano de novembro para dezembro. Neste caso, são consideradas as operações com cartão rotativo em que houve o pagamento mínimo da fatura.
Já a taxa de juros da modalidade rotativo não regular passou de 296,8% para 297,7% ao ano. O rotativo não regular inclui as operações nas quais o pagamento mínimo da fatura não foi realizado.
No caso do parcelado, ainda dentro de cartão de crédito, o juro passou de 161,5% para 158,9% ao ano de novembro para dezembro.
Considerando o juro total do cartão de crédito, que leva em conta operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 58 9% para 56,9%.
Em abril de 2017, começou a valer a nova regra que obriga os bancos a transferir, após um mês, a dívida do rotativo do cartão de crédito para o parcelado, a juros mais baixos.
A intenção do governo com a nova regra era permitir que a taxa de juros para o rotativo do cartão de crédito recuasse, já que o risco de inadimplência, em tese, cai com a migração para o parcelado.
Spread
O spread bancário médio no crédito livre caiu de 29,9 pontos porcentuais em novembro para 27,8 pontos porcentuais em dezembro informou o Banco Central. O spread médio da pessoa física no crédito livre foi de 43,2 para 40,7 pontos porcentuais no período. Para pessoa jurídica, o spread médio passou de 12,9 para 11,5 pontos porcentuais.
No crédito direcionado, o spread médio foi de 3,8 para 3,6 pontos porcentuais de novembro para dezembro.
Já o spread médio no crédito total (livre e direcionado) passou de 18,2 para 17,0 pontos porcentuais no período.