Uma avaliação feita pelo consultor de Fábio Silveira, diretor da MacroSector Consultores aponta que se a economia for bem, o mesmo pode não valer para a agricultura.
Segundo ele, se houver uma superação dos desafios macroeconômicos, o dólar recuará e ficará em patamar inferior ao deste ano. Sem o incentivo do câmbio, os produtos brasileiros perdem competitividade.
Se os preços internos e externos das commodities caírem, os agricultores terão uma situação bastante adversa porque compraram fertilizantes em período de alta do produto e do dólar.
Esse cenário de alta dos custos dos insumos e de queda nos preços vai retirar competitividade dos produtores.
A alta externa dos fertilizantes, somada ao custo maior do dólar internamente, trouxe um novo patamar de custos para o setor. Alguns produtos foram bastante afetados.
Entre eles, Silveira destaca o café em Minas Gerais. Em setembro do ano passado, os cafeicultores necessitavam de 1,9 saca de café para comprar uma tonelada de fertilizante. Neste ano, a paridade subiu para 3,3 sacas.
É um setor com a remuneração complicada, segundo o diretor da MacroSector. "A próxima safra será um período de escassez de tecnologia nas lavouras", disse.
A relação de troca na cana-de-açúcar em São Paulo também não é boa. Conforme os dados da consultoria, os produtores necessitavam em setembro, pelos mais recentes dados disponíveis, 30,1 toneladas para a compra de uma tonelada de fertilizante.
No mesmo período do ano passado, eram necessárias 27 toneladas.
A soja em Mato Grosso está com uma relação de troca neutra, mas a tendência é de maior pressão. No ano passado, os sojicultores despendiam 23 sacas de soja por tonelada de fertilizante. Neste ano, são 24.
O melhor cenário é para os produtores de milho no Paraná, de acordo com Silveira. Enquanto no ano passado eles trocavam 64 sacas do cereal por uma tonelada de fertilizante, neste ano a troca é realizada por apenas 45,8 sacas.