Um dado relevante, entre diversos outros, demonstra a importância do Cooperativismo para o desenvolvimento econômico e social do Brasil; de acordo com o Banco Central, o SICOOB – Sistema de Cooperativas de Crédito Financeiras do Brasil possui a maior rede física de atendimento bancário do país, com mais de 4.600 pontos de atendimento.
Esta capilaridade é de tal importância que se ressalta a presença de seus pontos de atendimento em mais de 400 municípios onde é a única instituição financeira existente, levando crédito e serviços bancários onde estes não existiriam.
A instituição está presente em cerca de 42,8% dos municípios brasileiros, contando com aproximadamente 8 milhões de cooperados, o que representa aproximadamente 51,6% do total de cooperados em Cooperativas de crédito do Brasil.
Mais que isso, além de possuírem taxas de juros e tarifas em geral inferiores aos dos demais bancos, por ser Cooperativa, há a distribuição de seus resultados financeiros entre os cooperados.
O segmento cooperativo é tão relevante que cerca de 12,5% da humanidade é de cooperados, algo como 1 bilhão de pessoas, segundo dados da Aliança Cooperativa Internacional. Mundialmente são aproximadamente 3 milhões de Cooperativas, que geram cerca de 280 milhões de empregos e, segundo o World Cooperative Monitor as 300 maiores Cooperativas do mundo alcançaram uma receita de aproximadamente US$ 2,4 trilhões em 2023.
Observa-se que, segundo estimativas do WCCU – World Council of Credit Unions (Conselho Mundial das Cooperativas de crédito), existem cerca de 87,9 mil Cooperativas de crédito no mundo, que representam 12,6% do total de Cooperativas do mundo. Elas atendem à aproximadamente 393,9 milhões de cooperados.


Ainda neste contexto, de acordo com dados da ICMIF – International Cooperative and Mutual Insurance Federation, cerca de 33,4% do mercado de seguros na Europa é composto por Cooperativas de seguro.
No Brasil, o sistema cooperativo foi constituído inicialmente mais fortemente no sul do país, influenciado pela colonização europeia. Entretanto, Minas Gerais é, atualmente, o estado com o maior número de Cooperativas do Brasil, contando com 818 delas (dados de 2022 – Anuário Coop BR), o que representa cerca de 17,4% do total de 4.693 Cooperativas do país neste ano.
Observa-se que os estados de Minas Gerais e São Paulo, juntos, possuem o equivalente à aproximadamente 31% das Cooperativas do Brasil.
Houve uma diminuição de aproximadamente 11,7% entre 2019 e 2022 no número de cooperativas no Brasil; entretanto, esta redução não significa enfraquecimento do segmento cooperativista no país, mas, especificamente, uma reorganização em função da necessidade de adaptação às novas demandas do mercado.
Nesta dinâmica, aconteceram fusões e incorporações cujo resultado é o ganho de escala, eficiência e a redução de custos operacionais.
Prova do crescimento do cooperativismo brasileiro é o aumento de 32,3% no número de cooperados entre 2019 e 2022. Ressalta-se ainda, que o Brasil conta com 9 das 300 maiores Cooperativas do mundo.


O Estado do Rio de Janeiro foi o que apresentou a maior redução no número de Cooperativas entre 2019 e 2022, cerca de 42% menos unidades neste período.


Em sentido oposto, o Distrito Federal foi onde o número de Cooperativas cresceu; cerca de 47% entre 2019 e 2022.


O Estado de Rondônia foi o que apresentou o maior crescimento relativo em seu número de cooperados entre 2019 e 2022, cerca de 164,1%; contudo, em números absolutos, o Estado de Santa Catarina, no mesmo período, acresceu em 1,25 milhão o seu quantitativo de cooperados.
Ressalta-se enfaticamente, que os três estados que compõem a Região Sul do Brasil (Santa Catarina, Rio Grande do sul e Paraná) representam cerca de 50% do número de cooperados do país, entretanto a população destes três estados, somadas, correspondem à apenas 15% aproximadamente do total do país.
Estes números demonstram um dos motivos do desenvolvimento da Região Sul e, especialmente, a força que ganham pequenos e médios produtores com o Cooperativismo.


Destaca-se, no quadro acima, a elevada participação dos cooperados em relação à população nos estados da Região Sul e também do Estado de Mato Grosso. Observa-se que o excepcional percentual de cooperados em relação à população no Estado de Santa Catarina, efetivamente um dos vetores de seu desenvolvimento e de seu posicionamento em 6º lugar no ranking do PIB estadual.
Uma característica positiva das Cooperativas é a sua longevidade, especialmente em comparação com as demais empresas brasileiras, que, em média, encerram suas atividades em menos de dez anos. Atualmente, cerca de 52,5% das Cooperativas brasileiras possuem mais de 20 anos de atividade.




O Estado do Paraná é o maior empregador em Cooperativas no Brasil, representando cerca de 25,4% do total de empregos no segmento. Seu número de empregados em Cooperativas aumentou cerca de 25% entre 2019 e 2022.
Há uma relação importante a ser detalhada neste sentido: a Região Sul (PR, SC, RS) representa aproximadamente 17,6% dos empregos formais do Brasil; contudo, a região corresponde a 55,8% dos empregos em Cooperativas do país.


Juntos: Paraíba, Amapá, Piauí, Pará e Tocantins somam apenas cerca de 2,7% dos empregos em Cooperativas; entretanto, foram os que apresentaram os maiores crescimentos em seus quantitativos de mão de obra entre 2019 e 2022, como disposto no gráfico acima.
Outro ponto de destaque é que a participação das mulheres no emprego em Cooperativas é maior que a de homens, como se demonstra no quadro abaixo.
Dos sete ramos do Cooperativismo no Brasil, em quatro deles (57%) trabalham mais mulheres do que homens, são eles: ramo consumo, ramo crédito e ramo saúde.


O Cooperativismo é dinâmico em sua configuração: o maior número de Cooperativas (25,3%) e de empregados (47,6%) é do ramo agropecuário, entretanto, neste ramo se alocam apenas cerca de 4,9% dos cooperados. A maior quantidade de cooperados encontra-se no ramo de crédito (75,7%), que possui somente 18,9% dos empregados do setor.
O ramo TPBS (Trabalho, Produção de Bens e Serviços) representa 14% do número de Cooperativas do país, possuindo, contudo, 0,9% de seus cooperados.




Esta dinâmica segue também em suas variações. Por exemplo: as Cooperativas de crédito reduziram em 6,1% suas unidades; entretanto, aumentaram em 29,5% seu número de cooperados e 25,5% seus empregados. Em sentido inverso, as Cooperativas de Infraestrutura cresceram 15,4% em suas unidades; contudo, seus cooperados tiveram um decréscimo de 12,7% e seus empregados reduziram em 3,7%.
Neste sentido, o número de Cooperativas de TPBS diminuiu em 4,4%, ao mesmo tempo em que o seu número de empregados aumentou em 42,4%.
Destaca-se, no quadro abaixo, que os ativos das Cooperativas aumentaram cerca de 101,7% em quatro anos, um excepcional crescimento para o período, da mesma forma ocorrendo com as sobras, com incremento de 156,8%.


A contribuição das Cooperativas em tributos e remuneração obteve um incremento de 41,9% entre 2020 e 2022, devendo-se considerar em seu total que sua distribuição contempla 43% para os tributos e 57% para as despesas com pessoal.
O impacto das Cooperativas na economia do Brasil é relevante, chegando a 5,2% do PIB e 6,1% do Valor Adicionado em 2021 (IBGE). As Cooperativas são também responsáveis por 2,4% da arrecadação total de impostos e 6% da massa salarial do país.
Para cada R$ 1 gasto pelas Cooperativas no Brasil cerca de R$ 0,33 são em salários; da mesma forma, cada R$ 1 gasto, aproximadamente R$ 0,88 são em Valor Adicionado (PIB) no conjunto da economia do país.
Um dado realmente importante neste contexto é que para cada R$ 1 gasto pelas Cooperativas no Brasil, há um incremento de R$ 1,65 em produção na economia do país.
Sérgio Leal, Analista de Agronegócios e Servidor Efetivo do Estado de Mato Grosso