Outro frigorífico grande em Mato Grosso concedeu férias coletivas por conta da Operação Carne Fraca que investiga fraudes em frigoríficos de outros estados, porém tem afetado também os de Mato Grosso.
Dessa vez a unidade de bovinos do Marfrig Global Foods, em Tangará da Serra deu férias coletivas de 10 dias para trabalhadores que operam um dos dois turnos de abates. O outro turno seguirá operando normalmente. A capacidade diária de processamento da fábrica é de 1.300 cabeças. A empresa não explicou os motivos, mas a decisão vem na sequência de outras paralisações anunciadas por concorrentes no Estado, após a Operação Carne Fraca.
No início desta semana, a unidade do Minerva de Várzea Grande (MT) deu férias coletivas para todos os seus funcionários por um período de 20 dias. Segundo a empresa, a parada é de rotina para manutenção de maquinários e instalações. De acordo com o site do frigorífico, a fábrica tem capacidade de abate de 1.500 cabeças por dia.
Já a JBS/Friboi paralisou por 20 dias 10 de suas 36 unidades de abate de bovinos no Brasil – uma em São Paulo, três em Mato Grosso do Sul, uma em Goiás, quatro em Mato Grosso e uma no Pará. As férias coletivas podem se estender por mais dez dias. Segundo a empresa, a medida foi necessária em virtude das suspensões temporárias impostas à carne brasileira por alguns dos principais países importadores, assim como pela retração nas vendas de carne bovina no mercado interno nos últimos dez dias.
As paralisações em Mato Grosso ocorrem mesmo sem o Estado e nenhum dos 24 frigoríficos com certificado de Inspeção Federal ter sido citado nas investigações da Operação. Mato Grosso detém o maior rebanho de bovinos do país, 30 milhões de cabeça, abate cerca de 5 milhões de animais por ano e é o segundo maior exportador nacional de carne bovina, atrás apenas de São Paulo.
Ontem, em evento da Scott Consultoria, em Ribeirão Preto (SP), executivos que atuam nos setores de aquisição de gado dessas três empresas afirmaram que os negócios no mercado físico do boi gordo estão "paralisados" após a deflagração da operação da Polícia Federal. Relataram ainda que os abates foram reduzidos e também que houve queda do ritmo de processamento nas plantas de pecuária bovina, com consequente aumento dos estoques de carnes das companhias.
Também no mercado físico, pecuaristas reclamam da pressão sobre as cotações. Conforme o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea), na semana passada os preços seguiram em desvalorização, entre os dias 27 a 31 de março, a queda acrescentou mais 1,73% para o preço do boi gordo e de 1,44% para a vaca, com a arroba abrindo essa semana sendo comercializada a R$ 122,86 e R$ 118,59, respectivamente.