Ao que tudo indica, os governos mato-grossense e boliviano podem negociar a comercialização da energia elétrica excedente produzida pela termoelétrica de San Matías, localizada a menos de 110 km de Cáceres. De acordo com Joaquín Rodriguez Gutierrez, presidente executivo interino da Empresa de Energia da Bolívia (Ende), a usina será ampliada e o objetivo é oferecer 90 megawatts da produção extra a um preço competitivo.
Ele argumenta que a Bolívia já vende energia para Argentina, tenta acessar o mercado brasileiro e o próximo passo, dentro da estratégia da Ende, está a prospecção de negócios no Paraguai e Peru. Conforme Gutierrez, o país consome apenas 50% da produção, que é basicamente a partir de gás natural (65%). O restante vem de fontes renováveis, que têm grande potencial de expansão.
Vale lembrar que por enquanto, a proposta ainda está no papel e a empresa estatal do país vizinho, por meio da embaixada, quer formalizar uma parceria para elaboração de um projeto que permita atestar a viabilidade do negócio, bem como os valores que serão atribuídos ao produto.
Já Mato Grosso, vê com bons olhos a entrada da energia boliviana, uma vez que se realmente chegar com um preço mais barato, favorecerá a concretização da Zona de Processamento de Exportações (ZPE). “É um compromisso deste governo finalizar a obra da ZPE e a energia acessível pode ser um diferencial”, explica o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), César Miranda.
Miranda esclareceu os bolivianos que este tipo de projeto precisa caminhar com o apoio do Ministério de Minas e Energia e por isto, vai solicitar uma agenda em Brasília para discutir a questão. Ele sugeriu que desde já, se formasse um grupo de trabalho em conjunto com os dois governos para se apresentar algo estruturado à União.
O embaixador da Bolívia no Brasil, José Kinn, concordou com o titular da Sedec e acrescentou que dentro do país dele, o governo pretende fazer a infraestrutura de transmissão e que não descarta a possibilidade de contribuir com a construção em território brasileiro.
Uma das sugestões para se reduzir o custo com a transmissão e fazer o acesso à linha de Jauru, que segundo o gerente de Planejamento e Orçamento da Energisa, José Nelson Quadrado Júnior, está mais estruturada e evitaria a reestruturação da que liga Cáceres a Cuiabá. “Porém, qualquer decisão precisa de estudo de viabilidade e da aprovação do governo federal”.
A reunião entre líderes de Mato Grosso e Bolívia aconteceu no auditório Garcia Neto, no Palácio Paiaguás, na manhã desta terça-feira (09.04), e aproxima etapa das discussões será em Cáceres, nos próximos 15 dias.
Gás Natural
Durante o encontro, Miranda e o deputado Carlos Avalone questionaram o embaixador boliviano sobre o fornecimento de gás natural para o estado, que está suspenso. Na ocasião, eles perguntaram sobre a possibilidade de encaminhar parte da matéria prima da termoelétrica para Mato Grosso e assim, resolver o problema.
Kinn disse que pode haver este tipo de acordo, mas tudo depende das tratativas entre o governo da Bolívia e a Petrobrás. “Eles sinalizaram que querem um contrato menor. Então, o restante será negociado”.