O governador de Mato Grosso, Mauro Mendes, afirmou que o estado tem dado exemplo para o mundo ao aliar a produção de alimentos em larga escala com a preservação ambiental, na contramão dos países ricos, que têm aumentado o consumo de carvão, uma das principais causas das emissões de carbono.
A declaração ocorreu ontem, durante a 28ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP 28.
Mauro participou do painel com o tema “Transição econômica para a Amazônia: desenvolvimento socioeconômico de baixas emissões“, junto aos demais governadores dos estados que compõem a Amazônia brasileira.
“A primeira COP aconteceu em Berlim há quase 30 anos. E lá ficou pactuado que os países reduziriam suas emissões. A queima de carvão nas térmicas ao redor do planeta é um dos principais ofensores para a emissão dos gases do efeito estufa. Mas no ano passado a queima de carvão do mundo aumentou e continua aumentando ao longo desses 30 anos”, criticou.
Para o governador, muitas das críticas dos países ricos ao Brasil são infundadas. “É mais fácil falar da Amazônia brasileira. É mais fácil nos criticar, criticar o Brasil, criticar a todos nós que estamos preservando mais de 60% do nosso território. Não podemos aceitar que o mundo aponte o dedo pra nós quando grande parte do mundo não está fazendo sua parte, principalmente os países desenvolvidos”, destacou.
O governador pontuou que o Brasil e Mato Grosso precisam assumir “o papel de potência ambiental”. “Nós somos um exemplo para o mundo e muitas vezes somos transformados em vilões. Temos que assumir esse papel de potência ambiental. É a única região do planeta que pode, nos próximos anos, nas próximas décadas, produzir alimentos acima do crescimento da demanda mundial”, relatou.
Como exemplo da preservação, Mauro Mendes citou que Mato Grosso reduziu o desmatamento em mais de 80% nos últimos 20 anos. “Todo esse trabalho de preservação está alinhado com as políticas da ONU. A estabilidade do clima é fundamental para a produção de alimentos e para a segurança alimentar do planeta. E somos um dos maiores produtores de alimentos do mundo”, disse.
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De acordo com o governador, a preservação é um dever de todos, já que toda a população tem sentido os efeitos das mudanças climáticas. “No Brasil hoje nós vivemos de uma maneira muito clara os efeitos dessas mudanças. Chuvas intensas no sul, seca no médio norte do país e no norte do país. Teremos neste ano uma perda gigantesca na nossa safra, por conta da mudança no ritmo das chuvas. Essa é uma realidade que está impactando o meu estado e impacta o planeta”, completou.
AINDA NA COP 28 – Mato Grosso aprofundou as negociações com o governo de Singapura, voltadas à concretização da venda de créditos de carbono àquelepaís.
A reunião com o diretor de Energia e Políticas Climáticas do Ministério do Meio Ambiente de Singapura, Zhang Weijie, ocorreu ontem, na COP 28.
“Da parte do governo de Mato Grosso, temos todo interesse em estreitar as tratativas. Agora vamos estabelecer uma agenda de compromisso de próximos passos, para caminhar nessa direção”, afirmou o governador.
O mercado de carbono funciona com a venda de créditos excedentes de redução de emissões de gases do efeito estufa (GEE). Assim, empresas, países, Estados que ultrapassam a meta de redução das emissões de carbono podem vender esse excedente.
Mauro Mendes adiantou que irá fazer um levantamento do potencial de Mato Grosso em criar esses créditos, de forma a viabilizar e inserir Mato Grosso nesse mercado.
Já ficou acertado que o governo de Mato Grosso e o governo de Singapura irão assinar um memorando de entendimento para dar início às tratativas.
O diretor Zhang Weijie explicou que Singapura possui metas sólidas de redução de carbono e por isso tem muito interesse de comprar os créditos produzidos pelo desmatamento evitado em Mato Grosso. “Mato Grosso tem três biomas e isso traz uma grande viabilidade de criar um estoque para que possamos comprar. Nós estamos na COP 28 para fazer negócios e precisamos realizar essas compras”, pontuou.
Zhang relatou que a compra de créditos de carbono em Singapura é uma política de Estado, que precisa ser cumprida não só pelo governo, mas pela iniciativa privada. O diretor adiantou que a demanda do país é de 5 megatoneladas de carbono por ano, e parte disso pode ser vendida por Mato Grosso.
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