Nos últimos dias intensificaram-se as articulações políticas nos partidos pra eleição do prefeito de Cuiabá em 2024. Política. Absolutamente política. Este artigo tem um propósito: traçar uma linha do perfil de Cuiabá neste e no próximo mandato. Quem sabe, os pretendentes desçam do banquinho do comício antecipado e comecem a pensar sobre o futuro imediato da capital.
Cuiabá cresceu e cresce sem planejamento desde sempre. Na década de 1960 cresceu por conta do surgimento de Brasília. Na década de 1970, pela chegada de migrantes que elevaram a sua população de 57 mil para 100 mil habitantes. Desde então vem crescendo ao acaso na maior parte do tempo. Por conta desse crescimento sem planos, nas décadas de 1970 e 1980, houve grande número de invasões e desfiguraram a cara pobre da capital. A maioria virou bairros que não foram legalizados e nem urbanizados ainda.
Porém, o horizonte do futuro próximo é muito mais complexo. Vou tentar traçar esses cenários prováveis, mas na maioria certos de acontecer.
1 – levantamentos apontam uma produção agropecuária de 120 milhões de toneladas em 2030 e de 142 milhões em 2032;
2 – uma enorme onda tecnológica na esteira desse crescimento, tanto na produção quanto na industrialização e na agregação de valor humano;
3 – a capital é inevitavelmente fornecedora de serviços públicos e políticos nesse universo de modernidade:
4 – a transferência de capitais financeiros internacionais por conta da segurança alimentar mundial transferira também industrialização das commodities. O frete marítimo internacional custará cada vez mais caro;
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5 – capitais internacionais trarão fortíssima demanda por tecnologias e por recursos humanos de qualidade tecnológica;
6 – o governo estadual está construindo na capital o maior parque de multieventos da América Latina. O empreendimento mudará a cara da capital pela enorme demanda por hotéis, acomodações, novas vias urbanas e apoio ao turismo. Serão muitas as cadeias econômicas que surgirão e se ampliarão. Forte demanda de infraestrutura sobre a cidade;
7 – Não há qualquer planejamento estrutural pra esses cenários. Independentemente do que pensem políticos e candidatos o que foi citado acontecerá em maior ou menor proporção. A tendência é que seja muito maior do que o previsto.
Dito isso, é de se esperar que os possíveis e pretensos candidatos a prefeito de Cuiabá se debrucem a partir de hoje na compreensão do futuro da capital. Projetos políticos amarrados em candidaturas apenas com propósitos de poder, serão imorais e traidoras, se não olharem pra frente e pro amanhã.
A dúvida que fica é: como lidar, desde agora, com uma cidade com esse futuro previsível, com uma população estimada em 1 milhão de habitantes até o ano de 2030, senão com visão macroestratégica desde hoje?
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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