Com soja ainda disponível e a chegada das primeiras toneladas da safra recorde de milho ao mercado, a demanda por frete para o escoamento da produção mato-grossense vem inflacionando o setor de transportes apontando alta anual de até 40% sobre os preços da tonelada transportada, como no trecho rodoviário de Primavera do Leste (MT) aos portos do Arco Norte.
Nessa rota o frete por tonelada passou de R$ 100 em maio de 2022 para R$ 140 no mês passado, sendo o maior aumento registrado pelo Boletim Logístico da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em Mato Grosso.
Na comparação mensal, a maior variação foi de 9%, trecho Sorriso (MT) a Miritituba (PA), com o frete passando de R$ 280 em abril para R$ 305 em maio. Conforme o Boletim Logístico, o frete mais caro a partir de Mato Grosso, em maio, foi registrado nas rotas Sorriso (MT) ao porto de Santos (SP) e Campo Novo do Parecis (MT) ao porto de Santos: R$ 490 a tonelada transportada.
Os analistas da Conab destacam que o preço do frete apresentou sim, em maio, aquecimento em virtude da movimentação de escoamento da soja, abrindo espaço para a safra recorde de milho. “Contudo, a retomada do preço no frete está prevista a ser aquém ao ocorrido na safra passada. O baixo nível de comercialização da soja no atual cenário é realizado à custa do baixo preço pago ao produtor da oleaginosa. A tímida retomada no preço dos fretes, principalmente tendo como destino os portos de Paranaguá e Santos, sinaliza que as exportações aumentaram quando comparadas ao ocorrido em abril do presente exercício. Para tanto, as fontes projetam que o preço venha a aquecer um pouco mais em junho, quando o pico da colheita do milho se estabilizará”.
Quando se compara as projeções do preço pago ao produtor pela saca do milho e a expectativa de aquecimento do frete rodoviário, nota-se que ambas não tendem a convergir. “Cabe aguardar o desenrolar dos trabalhos de colheita do milho em junho, e as exportações deste grão e da soja, para consolidar de fato as projeções”, completam os analistas.
Leia também: MT se aproxima da marca histórica de 100 mi t com protagonismo do milho
ESCOAMENTO – No mês de maio, o Boletim destaca a implementação do novo corredor de importação de fertilizantes do Arco Norte, no porto do Itaqui, em São Luís/MA, que interliga o Terminal da Copi, no Maranhão, ao Terminal Integrador de Palmeirante, em Tocantins. A nova infraestrutura possibilitará o transporte da produção de grãos até o porto do Itaqui e o seu retorno será utilizado para o transporte de fertilizantes. A capacidade operacional inicial é de 1,5 milhão de toneladas/ano, atendendo aos produtores sediados nos estados de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Bahia e Piauí, além do Tocantins, Maranhão e Distrito Federal. “Com essa nova infraestrutura, a cadeia produtiva de grãos desses estados tende a almejar sua autossuficiência no abastecimento de fertilizantes”, afirma Guth. “Cabe pontuar que no caso de transportes em percursos superiores a 800 quilômetros o frete ferroviário pode se tornar entre 30% a 40% mais barato do que o rodoviário. Acima de 1,5 mil km, a economia poderá superar valores acima de 40%”.
Em relação aos preços de fretes rodoviários, houve tendência de aumento na média das cotações no Distrito Federal e nos estados do Piauí, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Em movimento contrário, houve variação negativa nas praças do Paraná, Minas Gerais e Tocantins. Já nos estados da Bahia e Goiás, preponderou a estabilidade nos valores contratados.
Sobre o escoamento de milho, o Boletim Logístico revela ainda que os portos do Arco Norte voltaram a apresentar incrementos na sua participação em relação aos demais portos do país, atingindo, em maio, 35,8% da movimentação nacional, contra 26,1% no mesmo período do ano anterior. Já com relação à soja, 38,9% das exportações brasileiras foram escoadas pelo porto de Santos no mesmo período, contra 40,9% no exercício anterior. A origem das cargas para exportação do país ocorreu, prioritariamente, dos estados de Mato Grosso, Goiás, Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul.