A Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) e a União Nacional do Etanol de Milho (Unem) realizaram em Sorriso (MT), o evento de lançamento do Projeto Setorial de Promoção das Exportações de Farelo de Milho DDG/DDGS 2023-2025. O Ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, o presidente ApexBrasil, Jorge Viana e o presidente-executivo da Unem, Guilherme Nolasco, participaram da solenidade.
Este é o início de uma parceria de dois anos entre a ApexBrasil e a Unem para promover no mercado internacional o farelo de milho (DDG/DDGS), produto de nutrição animal resultado da produção de etanol de milho cultivado na segunda safra. O Projeto faz parte da estratégia do Brasil de promover o etanol como alternativa energética, de agregar valor às exportações do agronegócio e aumentar a oferta de farelo de milho para produção de proteína animal.
Este será o primeiro projeto a ser desenvolvido entre a ApexBrasil e a Unem, e os mercados-alvo foram selecionados com base na produção pecuária. São eles: China, Espanha, Indonésia, Japão, Nova Zelândia, Reino Unido, Tailândia, Turquia e Vietnã.
De acordo com o presidente da Agência, Jorge Viana, o objetivo da parceria é apresentar o farelo de milho brasileiro como uma opção eficiente na alimentação animal global, fortalecendo a cadeia produtiva do etanol.
“A ApexBrasil tem buscado valorizar os produtos brasileiros, apostando na inovação. O DDG/DDGS é essencial para a conversão de milho em proteína animal. A parceria com a Unem faz parte desse movimento de aproximação da Agência com os setores relevantes para a transição energética global, sempre buscando modelos sustentáveis”, destaca.
Para Guilherme Nolasco, presidente-executivo da Unem, a iniciativa consolida o reconhecimento da importância do setor por parte do governo federal e da Unem enquanto legítimo representante da indústria de bioenergia do milho. “Esta parceria é muito emblemática para um setor novo, que se organiza para uma agenda de promoção, fomento e comércio internacional que vai gerar valor a toda uma cadeia de negócios, desde a produção de grão, proteínas e floresta plantada até a geração de renda e arrecadação de impostos”, comemora.
DDG/DDGS – A produção de milho está inserida dentro da economia circular, que consiste no alto aproveitamento do produto. Um dos produtos resultado da produção do etanol de milho é o farelo de milho, tecnicamente chamado de DDG/DDGs, (distiller´s dried grains/grãos secos por destilação) ou DDGS – (distiller´s dried grains with solubles/grãos secos por destilação com solúveis) utilizado na nutrição animal. Além de fonte de proteína nobre e energia, o DDG/DDGS oferece maior teor de fibras e segurança contra contaminação de bactérias quando comparado a opções como a farinha de carne e ossos. A pecuária, avicultura e suinocultura beneficiam-se diretamente do insumo na ração.
Leia também: Co-produto do Milho: Pauta mato-grossense celebra um ano de exportações de DDG
No Brasil, a utilização deste farelo na indústria é relativamente recente, começou a partir de 2010. Os bons resultados, contudo, fizeram com que o produto fosse cada vez mais inserido na pecuária, adensando significativamente as cadeias produtivas. Atualmente, o país possui 20 indústrias usinas de etanol de milho em operação e outras nove usinas com autorização para construção.
TODAS COM POTENCIAL PARA PRODUÇÃO DE DDG/DDGS – A crescente disponibilidade desse produto leva à redução de preço, tornando-o uma alternativa mais atrativa em relação a outras fontes proteicas. Para a atual safra, a estimativa de produção brasileira é de 3 milhões toneladas (t) de DDG/DDGS e as projeções indicam que até 2031/32 a produção brasileira de DDG/DDGS chegará a aproximadamente 6,5 milhões t.
Esse excedente tem potencial de atender diversos mercados internacionais, haja vista a constante busca por ingredientes alternativos na alimentação animal, que representa atualmente cerca de 80% dos custos de produção das carnes. De acordo com um relatório da MarketsandMarkets, a demanda global por DDG/DDGS deverá crescer a uma taxa composta anual de 3,2% entre 2020 e 2025, impulsionada pelo aumento do consumo de carne, sobretudo em países em desenvolvimento.
A exportação do farelo de milho brasileiro representa, portanto, uma oportunidade para gerar mais receitas, desenvolvimento de tecnologia e atração de capital externo. A vinculação do farelo ao preço internacional do grão de milho, o que não acontece com o etanol, também favorece a manutenção da produção, caso haja queda no consumo global de combustíveis, como ocorreu na pandemia. O DDG/DDGS pode assumir cerca de 20% a 25% do faturamento da indústria de etanol, garantindo a sustentabilidade do negócio, sendo que a cadeia do etanol, farelo e óleo de milho, pode gerar um valor agregado de cerca de 60% maior do que o grão cru.
Atualmente, o Brasil é o terceiro maior produtor de milho do mundo, atrás apenas da China (2ª) e dos Estados Unidos (1º), mas apenas cerca de 10% dos grãos são destinados à produção de etanol, que é realizada com o milho de segunda safra. Ou seja, é plantado na mesma área após a colheita da safra principal, dentro do mesmo ano agrícola, não demandando nenhuma terra adicional para ser plantado, reduzindo significativamente a emissão de gás carbônico. Pelas métricas do governo brasileiro, o etanol de milho tem uma das pegadas mais baixas dentre todas as usinas de etanol do Brasil (cerca de 17gCO2/MJ).