A tão aguardada Black Friday está se aproximando, e muitos consumidores já fizeram suas economias para aproveitar ao máximo as promoções deste período. Segundo a ABComm, a expectativa é que as vendas cheguem a R$ 8 bi de reais com ticket médio de R$ 738, ultrapassando os números do ano passado. No entanto, a projeção dos preços não é tão otimista quanto se esperava, segundo o especialista em comércio exterior, Jackson Campos.
De acordo com ele, diversos fatores globais e nacionais devem resultar em promoções menos impactantes, com preços que não devem estar tão abaixo do que já é visto atualmente nos sites de compras internacionais e nacionais.
“Devem ocorrer descontos, mas não na magnitude que costumávamos ver em anos anteriores. Problemas de logística, tanto global quanto nacional, encareceram o transporte de produtos. Assim, os preços devem ficar acima do que se previa. O consumidor terá mais dificuldade em encontrar grandes promoções e ofertas que realmente se destaquem”, afirma Campos.
ESTRATÉGIA DOS VAREJISTAS – Antecipando a alta do frete marítimo, que continua acontecendo e que pode ser agravada com a guerra no Oriente Médio, as grandes varejistas anteciparam a compra dos estoques da Black Friday e Natal para junho e julho, buscando aproveitar o momento e ter os itens a disposição para o esperado aumento de vendas neste período.
Entretanto, outros fatores inesperados, como a seca no Amazonas, o aumento das importações e a valorização do dólar, além das complicações no Oriente Médio, especificamente no Mar Vermelho, tornaram as importações mais caras. Como resultado, os produtos não estarão muito mais baratos neste ano neste edição da Black Friday.
“O aumento do dólar impacta severamente quem importa, uma vez que o frete marítimo subiu e os importadores tiveram que desembolsar mais para os mesmos produtos. Além disso, o segundo semestre sempre apresenta uma alta natural nos preços, conhecida como ‘peak season’. Somando-se a isso, enfrentamos diversos problemas simultâneos, resultando em um aumento expressivo no custo do frete que, infelizmente, será repassado aos brasileiros”, analisa o especialista.
O IMPACTO DO MAR VERMELHO – O problema no Mar Vermelho e no Canal de Suez deve ser um dos principais fatores a encarecer os preços. Essa rota, que corta o norte da África e leva rapidamente à Europa, tornou-se insegura devido aos ataques dos Houthis no Iémen, levando as empresas de frete a optarem por rotas mais longas pelo sul da África.
“Uma viagem que costumava levar cerca de quatro dias até portos europeus, como o de Rotterdam, agora pode levar até onze dias. Isso eleva consideravelmente o custo do frete e é uma questão que está longe de ser resolvida, especialmente com a escalada do conflito entre Irã e Israel. É um fator a ser observado nos próximos meses”, explica Campos.
O QUE FAZER COMO CONSUMIDOR? – Diante desse cenário, os consumidores devem ficar atentos aos preços divulgados e avaliar se realmente vale a pena realizar a compra. “É importante que o consumidor já comece a monitorar os preços dos produtos que deseja adquirir, fazendo comparações para determinar se a compra será vantajosa”, conclui Jackson.
ALTA DO DÓLAR – A última sexta-feira, fechamento do mercado, foi marcada por mais um dia de turbulência no mercado doméstico e no externo, o dólar aproximou-se de R$ 5,90 e fechou no maior nível desde o início da pandemia de covid-19. A bolsa de valores caiu pela quarta vez consecutiva e ficou abaixo de 130 mil pontos.
O dólar comercial encerrou vendido a R$ 5,87, com alta de R$ 0,106 (+1,53%). A cotação iniciou o dia em baixa, caindo para R$ 5,76 pouco antes das 10h, mas disparou após a abertura do mercado norte-americano, até fechar próxima da máxima do dia.
A moeda norte-americana está no maior nível desde 13 de maio de 2020, quando tinha fechado em R$ 5,90. Com esse desempenho, o dólar acumula alta de 6,13% desde o fim de setembro. Em 2024, a divisa sobe 20,95%.
O dia também foi turbulento no mercado de ações. O índice Ibovespa, da B3, fechou aos 128.121 pontos, com recuo de 1,23%. O indicador está no menor patamar desde 7 de agosto.
Tanto fatores domésticos como internacionais contribuíram para o mal-estar do mercado. No cenário doméstico, o dólar e a bolsa foram pressionados pela viagem do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à Europa na próxima semana, o que adiará o pacote de revisão de gastos obrigatórios. Os investidores consideram urgente o envio das medidas ao Congresso.
No mercado externo, o dia começou com alívio, após a divulgação de que a economia norte-americana criou apenas 12 mil empregos no mês passado, abaixo da previsão de 100 mil postos. Em tese, isso estimularia uma redução maior de juros nos Estados Unidos, mas a queda nas vagas deveu-se a greves nos portos e a dois furacões que atingiram o país em outubro, sem relação com o aquecimento econômico norte-americano.
O desempenho do mercado de trabalho norte-americano manteve as chances de o Federal Reserve (Fed, Banco Central norte-americano) cortar os juros em apenas 0,25 ponto na próxima semana. Além disso, as tensões eleitorais nos Estados Unidos voltaram a pressionar o mercado financeiro em todo o planeta. Além do real, o dólar subiu perante os pesos chileno, mexicano e colombiano. No caso do México, a moeda norte-americana atingiu o maior valor desde 2022.
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