Desde 2022, o abate de fêmeas bovinas aumenta mês a mês, registrando crescimento histórico de quase 27% no ano passado, de acordo com dados do IBGE. Como resultado, os preços do boi gordo continuam pressionados no Brasil, mas sem a volatilidade presenciada em 2023.
Segundo o analista Hyberville Neto, da consultoria HN AGRO, alguns indicadores mostram um novo horizonte para o setor. “Apesar do abate de fêmeas continuar firme, com grande oferta de carne, vemos os preços do boi gordo cedendo, mas não despencando. Se a virada de mercado não acontecer ainda no segundo semestre, é provável que ocorra em 2025”, prevê o analista, que foi convidado pela MFG Agropecuária para um ciclo gratuito de palestras nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e São Paulo.
Outra boa notícia é a firmeza das exportações. Em 2023, foram embarcadas 2 milhões de toneladas de carne in natura. Dezembro surpreendeu ao bater um recorde histórico de 208 mil toneladas e novos países aparecem disputando o produto nacional com a China. “O México está comprando mais. No ano passado, o país importou 5 mil toneladas, montante que já subiu para 7 mil toneladas apenas no primeiro bimestre de 2024”, informa o analista.
Este é um cenário promissor porque outro grande player mundial do mercado de carne bovina – os Estados Unidos – diminuiu a oferta e está com preços mais “salgados” para o produto. “No Brasil, o consumo doméstico também está absorvendo relativamente bem o excedente de carne gerado pelos abates de matrizes”, lembra o especialista.
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CONFINAMENTO SERÁ IMPORTANTE – “O confinamento, hoje, pode ser uma importante para o pecuarista liberar pasto para categorias mais jovens na fazenda”, avalia Neto. Esta estratégia permitiria estocar maior volume de bezerros, cuja mantença é mais barata, com vistas à esperada recuperação dos preços no próximo ano ou, no mais tardar, 2026.
No momento, o bezerro permanece com preços competitivos, oportunidade que se esvai conforme a proximidade de uma nova virada do ciclo pecuário, destaca Vanderlei Finger, gerente geral de Compra de Gado.
GENÉTICA ADITIVA – O reforço à virada ao ciclo de alta pode vir do uso da Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) na reprodução do rebanho. “A IATF permite mais vacas parirem no cedo e esses bezerros têm uma melhor genética, que, lá na frente, vai gerar um maior retorno econômico, pois os animais terão melhor desempenho dentro do confinamento, com menor custo de produção por quilo de carne produzida”, explica o professor José Luiz Moraes Vasconcelos.