A produção mato-grossense de grãos no ciclo 2023/24 está estimada em 89,86 milhões de toneladas (t), conforme nova estimativa de safra divulgada nesta quinta-feira (13) pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Os números, que dimensionam o tamanho deste ciclo, trazem muitas informações. A primeira delas é que eles confirmam que Mato Grosso segue liderando a produção agrícola nacional, ofertando a maior produção de grãos e fibra do Brasil pelo 13º ano seguido.
Ainda que gigante, a nova safra segue menor que a consolidada no ano passado, mantendo a tendência de quebra anual. Conforme a atualização, a oferta deverá ficar 11% abaixo das 100,98 milhões t colhidas na temporada 2022/23, que foi recorde. Porém, com o andar do ciclo 2023/24, os dados vão se concretizando e a Conab realizou a segunda elevação seguida das projeções da safra ao estado. Em maio a oferta foi projetada em 85,77 milhões t e agora para junho foi reajustada para 89,86 milhões t, graças às revisões sobre o milho segunda safra, ao algodão e à soja.
Nessa revisão, a soja teve leve incremento mensal na oferta, e deve somar 39,34 milhões t. O volume na comparação anual, com a colheita da safra 2022/23 ainda revela queda, sendo neste levantamento de 13,7%%.
Ainda que também tenha havido um ajuste mensal positivo, o saldo para o milho segunda safra aponta para uma quebra anual de 11,5%, com a oferta do cereal totalizando cerca de 44,92 milhões t. No ano passado, Mato Grosso colheu safra recorde com 50,73 milhões t.
O algodão teve leve ajuste e é a única cultura com alta anual, deve encerrar o ciclo com evolução acima de 18% e atingir produção de 2,65 milhões t de pluma.
BRASIL – A produção de grãos no ciclo 2023/24 está estimada em 297,54 milhões t. O volume é 7% menor do que o obtido na temporada anterior, o que representa menos 22,27 milhões t a serem colhidas. A quebra é resultado das condições climáticas adversas que influenciaram as principais regiões produtoras do país. Já os cultivos de segunda safra, que tiveram a colheita iniciada, têm apresentado melhores produtividades e, ao se comparar a estimativa divulgada hoje com a publicada no mês de maio, é verificado um aumento de 2,1 milhões t, com destaque para milho, algodão em pluma e feijão.
Principal cultura da 2ª safra, o milho tem uma estimativa de produção de 88,12 milhões t. A colheita do produto neste ciclo atinge cerca de 7,5% da área semeada, conforme indica o Progresso de Safra divulgado nesta semana pela Companhia. De acordo esse 9º Levantamento, há disparidade das condições climáticas registradas pelo país, mas foi verificado em importantes estados produtores uma melhora na produtividade das lavouras.
Enquanto que em Mato Grosso do Sul, São Paulo e parte do Paraná, a redução e/ou falta de chuvas durante longos períodos no ciclo do milho 2ª safra provocaram quedas no potencial produtivo, em Mato Grosso, Pará, Tocantins e parte de Goiás, as precipitações bem distribuídas ao longo do desenvolvimento da cultura e a tecnologia usada pelo produtor têm resultado em boas produtividades nos talhões colhidos e boas perspectivas nas áreas ainda em maturação. Com isso, a estimativa para a produção total do grão está em 114,14 milhões t.
O clima também tem favorecido o algodão, cujas lavouras se encontram predominantemente nos estágios de formação de maçãs e maturação. Nesta temporada, a área semeada está estimada em 1,94 milhão de hectares, crescimento de 16,9%, o que influencia na expectativa de incremento de 15,2% na produção da pluma, podendo chegar a 3,66 milhões t.
FEIJÃO E ARROZ – Importante para o consumo dos brasileiros, o feijão deverá registrar um incremento de 9,7% na produção total na temporada 2023/24, ultrapassando as 3,3 milhões t. Apenas na segunda safra da leguminosa, a estatal prevê uma alta de 26,3% no volume a ser colhido, impulsionado pelo cultivo do feijão preto e do caupi, que devem registrar uma colheita de 589,4 mil t e 462,8 mil t respectivamente.
Para o feijão preto, a alta é influenciada pela melhora de 8,5% na produtividade e, principalmente, pela maior área destinada para o cultivo da cultura, com alta de 63,5% chegando a 331 mil hectares. Já para o caupi o cenário é oposto. Enquanto a área cresce 4,9%, o desempenho das lavouras registra uma melhora de 20,6%. Na terceira safra da leguminosa, cerca de 60% da área é irrigada e o plantio está em andamento.
Para o arroz, outro importante produto para o mercado interno, é esperada uma produção de 10,395 milhões t. De maneira geral, houve aumento na área plantada em comparação ao total semeado na temporada anterior, algo motivado à época da semeadura pela expectativa de bons preços praticados no mercado do cereal. Porém, o rendimento médio deverá ficar comprometido por conta dos danos às lavouras sul-rio-grandenses.
Com a colheita finalizada, a soja tem uma produção estimada em 147,35 milhões t, redução de 4,7% ou 7,26 milhões t sobre a safra anterior. No atual ciclo, a área semeada para a oleaginosa foi maior, no entanto as condições climáticas adversas impactaram negativamente a produtividade média no país.