O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato), Vilmondes Tomain, destacou a preocupação crescente do setor com os desdobramentos da “Moratória e seu Impacto no Milho e Soja”. Em seu discurso, Tomain ressaltou a imagem negativa que tem sido atribuída às produções rurais, apesar do cumprimento rigoroso das legislações ambientais.
“Sabemos que respeitamos todas as legislações ambientais impostas a nós, que são as mais restritivas do mundo, e mesmo assim estamos sendo postulados como os vilões do nosso estado e do Brasil”, afirmou Tomain.
A moratória gerou um intenso debate sobre seus impactos econômicos e sociais. Segundo Tomain, a implementação dessa política pode trazer consequências graves para a economia de Mato Grosso, um estado cuja economia está fortemente alicerçada no agronegócio. Ele enfatizou que uma moratória poderia frear o crescimento do estado, especialmente em regiões ainda a serem exploradas dentro dos limites garantidos por lei.
O vice-presidente da Famato e presidente do Sindicato Rural de Sinop, Ilson Redivo, corroborou as preocupações de Tomain. Redivo destacou que a moratória poderia paralisar o potencial de crescimento de Mato Grosso, especialmente nas regiões norte, onde há um grande potencial de expansão agrícola. “A imposição dessa moratória pode paralisar o potencial de crescimento do estado, especialmente nas regiões norte, onde há áreas ainda a serem exploradas dentro dos limites legais estabelecidos”, alertou Redivo.
Vilmondes destacou que a Famato busca promover uma discussão equilibrada que leve em consideração tanto a preservação ambiental quanto o desenvolvimento econômico sustentável de Mato Grosso.
No começo do mês, o movimento contra a Moratória da Soja, que reuniu milhares de pessoas, dentre representantes do setor produtivo e autoridades, durante o seminário “Impactos das Moratórias da Soja e da Carne nas Desigualdades Regionais”, se prontificou a encaminhar uma carta aos adidos agrícolas e embaixadas europeias, defendendo a soberania brasileira e criticando o colonialismo europeu.
O documento vai expressar que a sustentabilidade é a grande marca do Brasil, garantida pela Constituição Federal de 1988 e pelo Código Florestal Brasileiro, que têm regras rígidas para a preservação do meio ambiente nacional, diferentemente de outros países que decidiram manter leis mais flexíveis, ao mesmo tempo que criaram um “conceito de adicionalidade”.
A “adicionalidade”, segundo o manifesto, cria uma espécie de “licença para poluir”, pois permite que países que preservam menos que o Brasil, como os europeus, comercializem créditos de carbono gerados a partir da preservação daquilo que está além das legislações daqueles países, fazendo parecer que estão muito preocupados com a questão ambiental.
A França, por exemplo, determina que as suas reservas sejam de 4%, enquanto no bioma amazônico brasileiro, a preservação obrigatória é de 80%. Mesmo assim, o setor produtivo brasileiro convive com acordos como a Moratória da Soja, que restringe a comercialização da soja produzida em áreas convertidas legalmente após 2008 na Amazônia, respeitando o limite de 20%.
“Dedicamos menos de 8% do nosso território para a agricultura, e preservamos mais de 66% das nossas florestas. Ainda assim somos campeões em produção de grãos e fibras, cumprindo com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e incomodando países que não conseguem dar passos tão consistentes em direção à produtividade”, destaca o documento.