A cadeia produtiva do leite alcançou, neste ano, uma situação emergencial que vem sendo enfrentada pelo com diversas medidas adotadas de junho para cá. As primeiras delas foram a revogação das medidas, num trabalho da Câmara de Comércio Exterior (Camex), e a intensificação da fiscalização de possíveis práticas ilegais, ou seja, uma espécie de triangulação, trazendo ao Brasil, produtos de fora do Mercosul.
Além da compra de leite em pó, por meio da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), cujo prazo da chamada pública se encerra no próximo dia 10 para aquisição de até R$ 100 milhões do produto que será distribuído às redes de assistência social, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), apresentou a proposta de subvenção econômica aos produtores de leite.
Equipes técnicas do Mapa e do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA) se reuniram com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para tratar de uma medida tributária para aumentar a competitividade da cadeia produtiva do leite brasileira.
De acordo com o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Elias Rosa, a partir de agosto do ano passado que as importações saltaram de cerca de 5 toneladas para 14 toneladas, mas desde junho, o Brasil já vem registrando quedas expressivas nas importações, em torno de 25%, fruto das medidas adotadas com urgência e responsabilidade pelo governo federal.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, ponderou que a relação comercial com o Mercosul é muito positiva para o Brasil, mas que todas as ações estão sendo observadas pelo governo, dentro das regras, para que os produtores de leite não sejam mais prejudicados.
PRODUÇÃO – Mato Grosso, estado que detém o maior rebanho comercial de bovinos do País, também contabiliza perdas na pecuária leiteira. O índice de preços ao produtor de leite encerrou agosto/23 em 200 pontos, queda de 83,29 pontos percentuais (p.p) ante agosto/22. Ainda, o indicador para o varejo e atacado fixou em 172,87 e 198,74 pontos, diminuição respectivamente de 22,71 p.p. e 15,71 p.p. no mesmo comparativo anual.
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“É importante observar que apesar da queda nos três elos do setor, a redução foi mais intensa no índice do produtor de leite, o que reflete que, enquanto dentro da porteira o valor recebido pela matéria prima “despencou”, nos setores varejistas e atacadistas essa retração seguiu de forma menos intensa nessa comparação. Por fim, na média dos últimos dois anos a diferença entre o índice do produtor e varejo esteve em 47,74 pontos, enquanto com o atacado ficou em 39,07, contudo, de janeiro a agosto/23, a diferenças fixaram-se em 34,06 (-13,68 p.p.) e 17,20 pontos (-21,87 p.p.), respectivamente, o que reforça o estreitamento das cotações dentro da porteira”, apontam os analistas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Ainda como pontua do Imea, a Pesquisa Pecuária Municipal (PPM/IBGE), Mato Grosso, em 2022, registrou 291,68 mil cabeças de vacas ordenhadas, 13,93% inferior a 2021, sendo este o menor rebanho para o Estado desde 1990.
“Cabe destacar que Mato Grosso ocupava a 15ª posição no ranking nacional de vacas ordenhadas em 2021, contudo, a saída de produtores da atividade, devido ao aumento no custo de produção, principalmente com a alimentação volumosa e suplementação mineral, realocou o Estado para a 16ª posição em 2022. Diante o menor rebanho, houve queda na produção de leite no Estado, a qual atingiu, em 2022, o menor patamar desde 2003, com 489,24 mil litros, aponta a PPM”.
No ranking dos municípios mato-grossenses, tanto o 1°, quanto o 2° colocado, manteve posições em relação ao ano anterior. Terra Nova do Norte continuou no topo da lista, com 15,20 mil cabeças (-6,60%) em 2022, seguido de Confresa com 13,57 mil cabeças (-13,82%).