Por conta da economia ainda estar em ritmo lento, os bancos deram uma segurada no crédito no segundo trimestre. Enquanto Bradesco, Itaú e Santander emprestavam 10% no primeiro trimestre, no segundo caiu para 7,5%.
No Banco do Brasil, já tinha crescido menos de 1% no primeiro trimestre e agora o total emprestado ao fim de junho chegou a ficar menor do que o registrado em igual mês de 2018.
O resultado fraco levou a uma revisão nas projeções para o ano, o que em abril o presidente da instituição, Rubem Novaes, indicou que não esperava fazer. Até março, o banco previa crescer de 3% a 6% no crédito, mas agora revisou os números considerando que os empréstimos podem se retrair até 2% e, se crescer, não será mais do que 1%.
"Nós não temos feito nenhuma restrição adicional em relação ao apetite de risco. Se a carteira não cresce mais é porque não houve maior demanda", diz o presidente do Itaú Unibanco, Candido Brahcher. Ele diz que a meta será crescer 8% neste ano, na faixa mais pessimista do intervalo estabelecido para o ano, que está entre 8% e 11%. No segundo trimestre, a alta no crédito foi de menos de 6%, mas segundo Bracher em função da variação cambial de empréstimos no Chile e na Colômbia.
As carteiras mais atingidas foram as de grandes empresas. Itaú Unibanco, Santander e Banco do Brasil estão reduzindo o tamanho delas durante este ano. Já o Bradesco ainda cresce, mas se no primeiro trimestre as grandes empresas tomaram 14,5% mais crédito no banco, no comparativo anual, esse porcentual caiu para menos de 5% no segundo trimestre. No total, a carteira do banco cresceu 8,8%, ligeiramente abaixo de sua meta para o ano.
Agora, os presidentes dos bancos privados também voltaram a exercitar o discurso otimista, principalmente depois que a reforma da Previdência foi aprovada na Câmara dos Deputados. Com isso, eles entendem que no último trimestre do ano a economia voltará a crescer e por isso mantém suas metas de crescimento no crédito.
Por enquanto, é a área de varejo que está puxando o crescimento das carteiras, com empréstimos a pessoas físicas e micro e pequenas empresas. Na média, os empréstimos para pessoas físicas cresceu 15% nos três bancos privados. Mas isso também afetou as despesas com provisão para devedores duvidosos. Tanto Itaú quanto Santander explicaram que este perfil de tomador de crédito traz mais risco e portanto são necessárias maiores provisões.
O presidente do Santander, Sergio Rial, disse que a oferta de crédito tem sido ampliada mas tem que fazer junto com educação financeira. O objetivo é evitar uma onda de calotes mais na frente, que piore os índices de inadimplência. No segundo trimestre, a carteira de crédito total do banco cresceu 9,3%, com destaque para o segmento pessoas físicas, que avançou 18%. O total emprestado a grandes empresas caiu 6%. No primeiro trimestre, a carteira total havia se expandido em 10,8%.
Apesar das despesas crescentes com provisões, em todos os bancos, os índices que medem atrasos em pagamentos de mais de 90 dias para pessoas físicas e jurídicas estão estáveis. No Santander, esta taxa é de 3%. No Bradesco de 3,23% e no Itaú de 3,5%. No Banco do Brasil, um calote específico em um empréstimo para o agronegócio fez a inadimplência saltar de 2,61% para 3,25% entre o primeiro e o segundo semestre.
Mas com crédito crescendo menos ou não, os bancos continuaram reportando lucros recordes. Juntos, Banco do Brasil, Bradesco, Itaú e Santander lucraram 21% a mais do que no mesmo período do ano passado, o equivalente a R$ 21,5 bilhões. O BB foi o que mais cresceu percentualmente, cerca de 35%, mas calcado basicamente no menor pagamento de imposto com a mudança de alíquota de CSLL. O banco pagou R$ 1,3 bilhão a menos do que no ano passado, levando seu lucro no segundo trimestre a 4,4 bilhões.