O mercado financeiro, especialmente o setor de meios de pagamento, será profundamente impactado pela determinação da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) de desativar gradualmente as redes móveis 2G e 3G no Brasil até 2028. Estudos da Links Field, aponta que a transição demandará investimentos superiores a R$ 6,88 bilhões apenas para a substituição de terminais de pagamento que atualmente operam nessas redes.
Com mais de 21,4 milhões de dispositivos legados em uso no setor, como maquininhas de cartão e terminais POS, o desligamento dessas redes exigirá a migração para equipamentos compatíveis com redes 4G, sob pena de falhas operacionais, interrupções nos pagamentos e prejuízos financeiros significativos para empresas e clientes.
O QUE ESTÁ POR TRÁS DA MUDANÇA? – A decisão de desligar as redes 2G e 3G segue uma diretriz da Anatel para modernizar a infraestrutura de telecomunicações no Brasil. Essas redes, que já não atendem às demandas atuais de conectividade, estão sendo desativadas em etapas, liberando espaço para tecnologias mais avançadas, como o 5G.
“A desativação das redes legadas é uma mudança inevitável e já está em andamento em mais de 1.300 municípios. Para o mercado financeiro, que depende de conectividade em tempo real para operar, o risco de não se preparar a tempo é altíssimo. Quem atrasar a migração enfrentará interrupções nos serviços e aumento nos custos operacionais”, alerta Thiago Paulino Rodrigues, CEO da Links Field e coautor dos estudos.
IMPACTO DIRETO NO SETOR DE MEIOS DE PAGAMENTO – O estudo revela que o custo médio para substituir um terminal de pagamento 2G/3G por um modelo 4G é de R$ 640 por dispositivo, incluindo o valor do equipamento e o serviço técnico de instalação. O impacto financeiro total no setor de meios de pagamento está estimado em R$ 6,88 bilhões, tornando essa transição um dos desafios mais significativos para empresas que operam com terminais conectados.
“Os terminais de pagamento são a espinha dorsal do mercado financeiro brasileiro. Qualquer falha nas operações pode gerar não apenas prejuízos financeiros imediatos, mas também perda de confiança do consumidor final”, destaca Rodrigues.
RISCOS OPERACIONAIS: POR QUE AGIR AGORA? – Além do impacto financeiro, as empresas de meios de pagamento enfrentam desafios técnicos na migração para redes 4G:
Compatibilidade de bandas de frequência: Novos dispositivos precisam operar nas bandas utilizadas no Brasil, como B3 e B28, para garantir conectividade em todo o território nacional.
SMS sobre IP: Muitos terminais utilizam SMS para autenticações e comunicações. Com a migração para redes 100% IP, será necessário garantir que os dispositivos e as operadoras suportem o SMS sobre IP, evitando falhas de comunicação.
Obsolescência de dispositivos importados: Equipamentos incompatíveis com as frequências locais podem apresentar falhas de operação mesmo em áreas com cobertura 4G, comprometendo a confiabilidade das transações. “Não basta adquirir um terminal 4G. É fundamental garantir que ele seja homologado pela Anatel, compatível com a infraestrutura local e pronto para operar em redes LTE”, explica Marcos Betiolo Romero, CTO da Links Field.
CRONOGRAMA E CUSTOS DA TRANSIÇÃO – O investimento necessário para a migração deve alcançar seu pico em 2026, com mais de R$ 3,2 bilhões movimentados naquele ano. Empresas que anteciparem a transição evitarão custos elevados relacionados à deterioração das redes legadas e à interrupção dos serviços.
“O mercado financeiro não pode se dar ao luxo de esperar. A qualidade das redes 2G e 3G já está em declínio, e o impacto operacional será crescente. Antecipar a migração é a única forma de garantir a continuidade das operações e preservar a competitividade”, reforça Rodrigues.
SUSTENTABILIDADE NA TRANSIÇÃO TECNOLÓGICA – A substituição de milhões de terminais de pagamento também levanta preocupações ambientais. O descarte correto de dispositivos obsoletos será essencial para evitar danos ao meio ambiente. A Links Field, por exemplo, já implementou um programa de logística reversa em parceria com a Ambipar, garantindo o descarte responsável de dispositivos e reciclagem de materiais. Desde 2019, a empresa já reciclou mais de três toneladas de plástico provenientes de SIM Cards.
MODERNIZAÇÃO COMO OPORTUNIDADE – Apesar dos desafios, a transição para redes 4G representa uma oportunidade para o setor financeiro modernizar suas operações. Terminais de pagamento compatíveis com 4G oferecem vantagens como:
– Maior velocidade nas transações
– Conectividade mais estável e abrangente
– Incorporação de funcionalidades avançadas, como integração com plataformas digitais e análise de dados em tempo real. “Essa mudança não é apenas uma exigência regulatória; é uma oportunidade de transformação. Quem agir rápido poderá otimizar processos, reduzir custos no longo prazo e oferecer uma experiência superior ao cliente final”, conclui Rodrigues.
A determinação da Anatel exige urgência nas ações do mercado financeiro. Empresas de meios de pagamento devem iniciar imediatamente o planejamento para substituição de seus terminais, garantindo a continuidade dos serviços e a adoção de tecnologias mais modernas.
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