Empresas de vários setores estão interessadas no mercado sírio. A União Química Farmacêutica, fabricante de medicamentos, é uma delas. A empresa participou da feira Re-Build Syria, realizada em Damasco, que contou com 247 exibidores. A companhia, que possui seis unidades fabris, em cidades como Brasília, Pouso Alegre (MG) e Embu Guaçu (SP), estuda a possibilidade de vender para a Síria analgésicos, anti-inflamatórios e antibióticos de uso hospitalar, em falta no país. “Como os países do Oriente Médio possuem regras em comum para a importação de medicamentos, ao começar a vender para um deles teremos a certificação para comercializar com os demais, o que é uma vantagem competitiva”, diz Antonio Salgado Gonçalves Neto, diretor de novos negócios.
Barreiras
Devem pesar na decisão do executivo os desafios de investir no país. O embargo dos Estados Unidos afetou importantes aspectos da economia síria. A maioria dos bancos, muitos de bandeira internacional, deixou de operar no país. Em geral, é preciso utilizar instituições sediadas no Líbano, aliado da Síria, para efetuar as transações comerciais. Além disso, os voos a partir da Europa e dos Estados Unidos foram cancelados. A maioria dos empresários brasileiros têm optado por voar até a Turquia ou algum outro país do Oriente Médio e de lá voar para Damasco, ou desembarcar em Beirute e seguir de carro até a Síria.
Também falta capital humano. Mais de 350.000 pessoas foram mortas no conflito. Cerca de 5,5 milhões deixaram o país, fugindo da guerra. Muitos procuraram asilo em países vizinhos, como o Líbano, em que um quarto da população hoje é formada por refugiados, e o Iraque.
No norte do país, perto da fronteira com a Turquia, bombardeios marcaram a última semana, com o exército turco lutando contra milícias curdas posicionadas na região. A leste, ainda são travados conflitos com o que restou do Estado Islâmico. Diversas milícias, algumas apoiadas pelas forças de coalisão, lideradas pelos Estados Unidos, continuam em atuação em determinadas partes do país.
Do ponto de vista das relações comerciais, persiste também a questão da concorrência com países mais bem posicionados no jogo, como a Rússia, a China e o Irã. “Eles têm chances maiores de conseguir grandes contratos, mas os planos de reconstrução da Síria podem representar uma boa oportunidade para empresas brasileiras, especialmente aquelas com espírito empreendedor e dispostas a arriscar”, diz Alaby.