A inflação do país desacelerou em março, registrando alta de 0,16%, 0,67 ponto percentual (p.p) menor que em fevereiro, quando marcou 0,83%. A inflação acumulada no ano está em 1,42%. Nos últimos 12 meses, os preços subiram 3,93%. Em março de 2023, o índice havia sido de 0,71%. Os dados são do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado hoje (10) pelo IBGE.
O grupamento de Alimentação e bebidas foi o que registrou o maior impacto (0,11 p.p.) e a maior variação (0,53%), mas também em movimento de menor alta, abaixo da que havia sido registrada em fevereiro (0,95%). “Problemas relacionados às questões climáticas fizeram os preços dos alimentos, em geral, aumentarem nos últimos meses. Em março, os preços seguem subindo, mas com menos intensidade”, aponta o pesquisador.
Essa alta vem sendo registrada em Cuiabá. A capital abriu o mês de abril com elevação de 1,69% no custo da cesta básica quando comparado à última semana de março, elevando em R$ 775,53 o preço do mantimento. O levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa e Análise da Fecomércio-MT (IPF-MT) constatou, ainda, que oito dos 13 alimentos apresentaram alta, com destaque para os produtos de hortifruti.
O aumento nominal de R$ 12,88 no valor médio da cesta foi impulsionado pela forte variação nos preços do tomate, batata e banana, que apresentaram variação positiva de 4,97%, 4,13% e 4,11%, respectivamente, e que nas últimas semanas estão sendo responsáveis pelas variações no custo do mantimento. Os mesmos produtos também seguem com variações positivas no comparativo anual, na devida ordem, em 36,58%, 46,55% e 12,49%.
A retomada no aumento do preço do tomate, que está custando atualmente R$ 9,75/kg, pode estar influenciada pela diminuição da sua oferta, causada por condições climáticas que afetaram a qualidade da fruta.
Outro item com aumento no preço, após cinco semanas consecutivas de queda, foi a batata, custando atualmente R$ 7,41/kg. Esta variação para mais pode estar relacionada a uma redução da oferta, já que o clima no período limitou a colheita do tubérculo.
A banana, que também apresentou aumento e tem o seu valor médio de R$ 10,16/kg, pode estar sofrendo de baixa oferta, diante de questões como clima e sazonalidade, que afetaram a qualidade da fruta e sua oferta nos mercados da capital.
IBGE – Dos nove grupos pesquisados, seis tiveram alta na passagem de fevereiro para março. Entretanto, grupamentos com peso importante no IPCA apresentaram desaceleração no índice. “Essa desaceleração na inflação também é explicada pelo fato de que, em fevereiro, os preços da Educação tiveram alta significativa por conta dos reajustes habitualmente praticados no início do ano letivo, o que não aconteceu em março”, explica o gerente da pesquisa, André Almeida, citando o grupo que saiu de alta de 4,98% para 0,14%.
A alimentação no domicílio desacelerou de 1,12% em fevereiro para 0,59% em março. Destacam-se as altas da cebola (14,34%), do tomate (9,85%), do ovo de galinha (4,59%), das frutas (3,75%) e do leite longa vida (2,63%). “O caso do ovo de galinha tem uma explicação própria: tratou-se de um período em que uma parcela da população faz a opção de não comer carne por questões religiosas, aumentando a demanda dessa proteína”, ressalta Almeida.
A alimentação fora do domicílio (0,35%) também desacelerou em relação ao mês anterior (0,49%). Já o lanche acelerou de 0,25% para 0,66%, mas a refeição (0,09%) teve uma alta menor que em fevereiro (0,67%).
O grupo Transportes inverteu o sinal e passou da alta de 0,72% em fevereiro para a queda de 0,33% em março. “Influência da passagem aérea, que já vinha de queda em fevereiro, e, , da gasolina, que havia apresentado o maior impacto individual no IPCA de fevereiro e teve uma alta menor em março”, justifica André Almeida.
O recuo nos preços da passagem aérea foi de 9,14%. Já a gasolina saiu de 2,93% para 0,21%. Entre os combustíveis (0,17%), além da gasolina, o etanol também teve alta, de 0,55%. Já gás veicular (-2,21%) e óleo diesel (-0,73%) registraram recuo nos preços, enquanto o subitem táxi teve alta de 0,23% devido ao reajuste de 8,31% em Belo Horizonte (2,28%), a partir de 8 de fevereiro.
Ainda em Transportes, ônibus urbano (-0,06%) teve a variação influenciada pela unificação de tarifas em Recife (-1,21%), a partir de 3 de março, e pelo reajuste de 2,15% em Campo Grande (1,08%), a partir de 15 de março. Já em ônibus intermunicipal (0,75%) houve impacto dos reajustes aplicados no Rio de Janeiro (6,93%), a partir de 24 de fevereiro. No subitem trem (-0,19%) houve incorporação residual da redução de 4,05% nas tarifas no Rio de Janeiro (-0,42%), a partir de 2 de fevereiro.
Em Habitação, a alta de 0,19% teve a energia elétrica como destaque, com preços 0,12% mais altos, influenciada por reajustes de 3,84%, a partir de 15 de março, e de 2,76%, a partir de 19 de março, aplicados nas duas concessionárias pesquisadas no Rio de Janeiro (1,18%). Já em taxa de água e esgoto, o aumento de 0,04% foi impactado pelo reajuste de 4,04% em Aracaju (4,04%), a partir de 1º de março. Por fim, no resultado do gás encanado (-0,05%), houve apropriação residual dos reajustes tarifários, com vigência a partir de 1º de fevereiro, no Rio de Janeiro (-0,09%), redução média de 1,30%; e em Curitiba (-0,15%), redução de 2,29%.
O grupo de Despesas pessoais acelerou de 0,05% para 0,33% na passagem de fevereiro para março, com influência do item Cinema, teatro e concertos, que teve alta de 5,14% e impacto de 0,02 p.p. no IPCA do mês. “Na última semana de fevereiro, após o carnaval, houve uma campanha para ingressos com valores promocionais para o cinema. Isso acabou impactando no índice daquele mês, ocorrendo, agora em março, uma devolução ao patamar regular”, explica o pesquisador.
INPC – O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) foi de 0,19% em março, marcando 0,62 p.p. abaixo do resultado de fevereiro, de 0,81%. No ano, o INPC tem alta de 1,58% e, nos últimos 12 meses, de 3,40%. Em março de 2023, a taxa foi de 0,64%.
Os preços dos produtos alimentícios passaram de 0,95% em fevereiro para 0,50% em março, enquanto os dos produtos não alimentícios foram de 0,77% para 0,09%.
Regionalmente, somente Porto Alegre (-0,21%) registrou queda de preços, influenciada pela batata-inglesa (-18,42%) e pela gasolina (-2,41%). Já a maior variação ocorreu em São Luís (0,79%), por conta da alta do tomate (23,51%).