Entre 2002 e 2022, as Regiões Centro-Oeste e Norte registraram os maiores ganhos relativos de participação no Produto Interno Bruto (PIB) do país, com avanços de 2,0 pontos percentuais (p.p.) e 1,0 p.p., respectivamente. E o protagonismo do Centro-Oeste está atrelado ao desempenho da economia de Mato Grosso. Nesses 20 anos, o estado acumula a maior evolução do PIB entre os estados brasileiros: 154,7%.
A expansão do estado é quase três vezes maior que a registrada, em igual intervalo no Brasil, que foi de 53,2. As informações são do Sistema de Contas Regionais 2022, elaborado pelo IBGE em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), divulgadas ontem, 14.
Os cinco maiores PIBs brasileiros do acumulado dos 20 anos pertencem a Mato Grosso, com alta de 154,7%, seguido pelo Tocantins com alta de 153,1%, Roraima 141,6%, Piauí 105,4% e Maranhão com 95,8%. O crescimento reforça a importância do agronegócio para economia nacional, visto que todos os estados elencados são conhecidos por serem fronteiras agrícolas, e ou, novas fronteiras agrícolas.
A única região a perder participação na série foi a Sudeste (-4,1 p.p.), com a redução dos pesos das economias de São Paulo (-3,8 p.p.) e Rio de Janeiro (-0,9 p.p.). Mato Grosso teve o maior acréscimo de participação (1,2 p.p.), seguido por Santa Catarina, (0,9 p.p.) e Minas Gerais (0,7 p.p.).
De 2002 a 2022, o PIB nacional teve aumento médio de 2,2% ao ano (a.a.). Entre as grandes regiões, Norte e Centro-Oeste tiveram as maiores taxas de crescimento anual, ambas 3,2% a.a., enquanto a região Nordeste ficou próxima da média nacional, com 2,3% a.a. As regiões Sudeste e Sul registraram as menores elevações: 1,9% a.a. em ambas.
Entre os estados, Mato Grosso e Tocantins foram os maiores destaques, ambos com variação média de 4,8% a.a., seguidos por Roraima (4,5% a.a.), Piauí (3,7% a.a.) e Maranhão (3,4% a.a.). Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro mantiveram-se como as duas unidades da federação de menores aumentos médios em volume na série, com 1,4% a.a. cada.
EM 2022 – Em relação ao ano de 2022, Mato Grosso também se destaca no ranking nacional, nas dessa vez, na segunda posição. Entre as 27 unidades da federação, 24 tiveram alta no PIB, sendo Rio Grande do Sul (-2,6%), Espírito Santo (-1,7%) e Pará (-0,7%) as únicas exceções. As maiores elevações, por sua vez, ocorreram em Roraima (11,3%), Mato Grosso (10,4%), Piauí (6,2%) e Tocantins (6,0%).
“Neste momento, o IBGE está envolvido na revisão das séries de todo o Sistema de Contas, que passará a adotar o ano de 2021 como novo ano-base. Durante este processo, o Sistema de Contas Regionais permanece divulgando suas estimativas, ainda no ano-base 2010. Quando a nova série com o ano-base 2021 for divulgada, os resultados do Sistema de Contas Regionais serão reapresentados, de forma definitiva, integrados, também, à nova série do Sistema de Contas Nacionais. Esclarecemos ainda que para esta divulgação, alguns procedimentos foram adotados como o nível de agregação de atividades econômicas e a não inclusão das tabelas do PIB pela ótica da renda”, explicou Alessandra Poça, gerente de Contas Regionais do IBGE.
Entre os três grandes grupos de atividades, a Agropecuária apresentou queda em volume de 1,1%, enquanto a Indústria cresceu 1,5% e os Serviços 4,3%. “O aumento do PIB pelo segundo ano consecutivo representa a recuperação da economia brasileira, iniciada em 2021, após a queda observada em 2020, motivada sobretudo pelos efeitos da pandemia COVID-19”, destaca Alessandra.
No âmbito regional, nenhuma das cinco grandes regiões teve queda em volume em 2022. A Região Sul teve resultado tecnicamente estável, ao apresentar variação de 0,1%, enquanto as demais cresceram. “O resultado da Região Sul é explicado sobretudo pelo desempenho do Rio Grande do Sul, que teve redução de 2,6% de seu PIB em função da Agropecuária”, destaca a gerente. Já a Região Centro-Oeste registrou o maior crescimento (5,9%). Todos os seus estados cresceram acima da média, com destaque para Mato Grosso, com alta de 10,4%.
AGROPECUÁRIA CONTRIBUI NO NORTE E CENTRO-OESTE
Entre as unidades da federação, as maiores elevações do PIB ocorreram em Roraima (11,3%), Mato Grosso (10,4%), Piauí (6,2%), Tocantins (6,0%) e Acre (6,0%). O desempenho da Agropecuária teve contribuição decisiva para o resultado de 2022 nestes estados, com destaque para o cultivo de soja que, embora não tenha tido desempenho positivo na média nacional, teve crescimento na Região Norte e parte do Centro-Oeste.
Em Roraima, Tocantins e Acre, além da Agropecuária, o crescimento vinculou-se aos Outros Serviços e Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social. “A primeira atividade teve avanço significativo em volume nos três estados da Região Norte, com à continuidade do ciclo de retomada de atividades presenciais, iniciado em 2021, enquanto a segunda teve crescimento mais modesto, mas de impacto no desempenho devido ao peso significativo nas respectivas economias”, observa Alessandra.
Em Mato Grosso, destacaram-se também as Indústrias de transformação, Outros Serviços e Comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas. No Piauí, o crescimento dos Outros Serviços também foi um destaque, seguido por Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos e descontaminação. “Para esta última, contribuiu a expansão da geração de energia eólica no estado”, explica a gerente.