No Hemisfério Sul, o outono começou ontem, dia 20 de março de 2024, à 0h06 (horário de Brasília) e termina no dia 21 de junho, às 17h51. A estação que é uma transição entre o verão quente e úmido e o inverno frio e seco, principalmente no Brasil Central, deve iniciar com um padrão climático surpreendente em todo o país, contrariando as expectativas. Mesmo com a quebra do padrão do El Niño, as temperaturas continuam a bater recordes, uma tendência observada desde o ano passado.
O aquecimento global tem desempenhado um papel significativo nesse fenômeno, resultando em temperaturas acima da média em praticamente todas as regiões do Brasil. No entanto, o outono traz consigo a esperança de frentes frias mais intensas e massas de ar polar, embora de forma mais branda do que nos últimos anos.
De acordo com Gabriel Rodrigues, meteorologista do Agrotempo, do Portal Agrolink, para os agricultores, as condições climáticas atuais representam desafios e oportunidades. Enquanto a colheita da soja chega ao fim, dando lugar ao plantio do trigo, o ciclo do milho safrinha entra em sua fase crucial, exigindo chuvas adequadas para garantir o desenvolvimento das culturas.
No entanto, as projeções indicam uma mudança na distribuição das chuvas, com expectativa de volumes abaixo da média em áreas do Centro-Oeste, Sudeste e sul da região Norte. Em contrapartida, prevê-se precipitações mais frequentes nas regiões Norte e Nordeste. Apesar das incertezas quanto à distribuição das chuvas, o cenário climático atual não gera um alerta significativo para as lavouras. A falta de chuvas pode aumentar a demanda por irrigação, especialmente para o milho safrinha, enquanto o algodão pode se beneficiar do clima mais seco.
Entretanto, a restrição hídrica e as altas temperaturas representam preocupações para os produtores, especialmente durante os dias de calor intenso, que aumentam a demanda por água e podem afetar a qualidade dos pastos e das lavouras.
No sul do país, a finalização da safra de soja e os preparativos para as lavouras de inverno concentram as atenções dos agricultores. Apesar das chuvas dentro da média, o milho safrinha pode sofrer com a falta de umidade, enquanto o plantio do trigo enfrenta desafios devido às chuvas irregulares.
REGIÃO NORTE
Expectativa de chuvas mais recorrentes na faixa norte da região.
As condições climáticas podem ser favoráveis para as lavouras em desenvolvimento vegetativo, floração e enchimento de grãos.
Destaque para o avanço do algodão no meio da safra durante esta estação.
REGIÃO NORDESTE
Projeções indicam chuvas mais irregulares, o que pode limitar o potencial produtivo das culturas, principalmente do trigo (Oeste da Bahia).
O clima mais seco deve ser positivo para as lavouras de algodão, contribuindo com a qualidade das fibras.
Restrição hídrica é uma preocupação devido às previsões de temperaturas mais elevadas.
REGIÃO CENTRO-OESTE
Espera-se uma mudança na distribuição dos volumes de chuva, com tendência de chuvas abaixo da média.
Condições climáticas podem exigir mais irrigação para o milho safrinha.
A previsão é de temperaturas mais elevadas, o que aumenta a demanda hídrica e requer atenção em relação ao suprimento de água para as lavouras.
REGIÃO SUDESTE
Previsão de chuvas abaixo da média, o que pode afetar o potencial produtivo das culturas de inverno, como o trigo.
Temperaturas mais elevadas podem encurtar o ciclo das culturas de inverno.
A demanda hídrica aumenta devido às temperaturas elevadas, exigindo mais atenção em relação ao suprimento de água.
REGIÃO SUL
Expectativa de chuvas dentro da média, porém mais irregulares e temperaturas mais elevadas.
Preocupações direcionadas para o milho safrinha devido à possível falta de chuvas.
Menor probabilidade de geadas com potencial de danos para as lavouras, porém atenção para o plantio do trigo, que pode ocorrer com falta de umidade no solo.