O Brasil está derretendo. Orquestrado o arranjo não seria tão cruel. Todos os poderes estão derretendo, cada um ao seu modo. A sociedade encolheu-se diante dos erros de escolha política. Medo de errar, silencia. A Constituição Federal, concebida para dar ordem jurídica e institucional ao país, há muito nega esse papel. Em seu nome são feitas barbaridades nos três poderes e no Ministério Público.
Quando uma nação ignora a sua Constituição, se ela é legítima, está derretendo. Não é de se estranhar o caos atual no Brasil.
Em nome da des-constitucionalização do país, qualquer medida supostamente jurídica ou administrativa passa a ter legalidade por falta de parâmetros de legalidade. O Brasil está ilegal.
Vamos por partes: O poder Executivo está isolado dentro de si mesmo. Sem projeto de nação, navega em ideias e teorias infantis. Submetido à força do Supremo Tribunal Federal, não ergue os olhos porque perdeu sua legitimidade desde a estranha eleição presidencial de 2022. O Congresso Nacional ajoelhou-se diante do Supremo Tribunal Federal e geme sob o peso da chibata. A legalidade é ditada pelo STF sobre 581 parlamentares eleitos para representar a sociedade. Onze ministros governam com larga margem de governabilidade sobre os demais poderes. O Ministério Público, criado na Constituição e 1988 com autonomia jurídica para resguardar e lei, também ajoelhou-se para o STF.
A mídia abdicou de sua função absoluta como a consciência crítica da sociedade. A sociedade trabalha e produz em silêncio. Não tem vozes para defendê-la. Enfrenta os impostos sobre impostos ditados pelo peso da máquina pública que mantém vivas essas corporações desfuncionais chamadas de poderes. Cobra cada dia mais alto. Já não se respeita mais a legalidade na fixação de impostos e tampouco na aplicação do dinheiro público.
Sempre que uma nação perde o poder da sua Constituição todos os interesses, perdem o medo de punição. Atravessam todas as formas da legalidade. No lugar, surge e cresce desesperadamente a corrupção. Com ela, mais custos. E mais impostos.
Terrível admitir que o Brasil está no nível máximo da soma de sinais perigosos: fraquíssima governabilidade, o Congresso Nacional nulo, o Judiciário corrompido em todos os aspectos da legalidade, o Ministério Público, fraco e ideológico. A mídia comercial e militante. A corrupção talvez a única corporação ativa e organizada no Brasil.
O sistema eleitoral desacreditado, põe as próximas eleições no caminho da continuidade do caos. Sem horizontes à vista!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso