Monitoramento das áreas de produção de milho segunda safra apontam que apesar da alta infestação da cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis), o resultado para presença de enfezamento nas folhas foi considerado baixo. Isso porque, análises de laboratório solicitadas pela Fundação de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico Rio Verde (Fundação Rio Verde) na safra 2021/22 não identificaram insetos com o vírus e bactérias que causem a doença no milho. Porém, a alta população da cigarrinha é preocupante e será monitorada pela entidade.
O estudo foi realizado em parceria com a Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja/MT) e Sindicato de Produtores Rurais de Lucas do Rio Verde. O objetivo foi obter resultados sobre a população das cigarrinhas nas lavouras de milho no município de Lucas do Rio Verde, Mato Grosso, visando entender a dinâmica populacional da praga na região, e assim poder traçar as melhores estratégias para amenizar os prejuízos causados pela praga.
Pesquisadores da Fundação Rio Verde analisaram três amostras em cada uma das doze áreas monitoradas, do momento das instalações das armadilhas do inseto, de 30 e de 60 dias após as instalações. De acordo com os laudos, o percentual de cigarrinha que possui vírus e bactérias do complexo de enfezamento era igual a zero em todas as amostras.
Responsável Técnica pelo setor de Entomologia da Fundação Rio Verde, engenheira agrônoma Sâmilla Emily de Oliveira Gouveia, explica que de forma complementar, foram enviadas amostras de folhas com sintomas de enfezamento para comprovar se já haviam plantas com a doença nas áreas monitoradas.
“Por meio das análises laboratoriais, nós identificamos que das doze áreas monitoradas, cinco apresentaram resultado positivo para a presença de ao menos uma doença do complexo de enfezamento. Porém, mesmo com esses resultados positivos, nós verificamos que a incidência, ou seja, a porcentagem de plantas que apresentavam esses sintomas era igual ou inferior a 5%, e em muitos casos foi necessário que nós entrássemos no meio do talhão para poder encontrar uma planta com os sintomas”, pontuou a pesquisadora.
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POPULAÇÃO DO INSETO – Apesar da baixa taxa de infecção da cigarrinha-do-milho ser um bom resultado, a população foi considerada alta e isso pode trazer problemas futuros para o produtor. Entre as medidas de controle do inseto, deve-se ter uma atenção maior na escolha do híbrido para semeadura. Alguns tendem a ter o maior custo-benefício pela questão de tolerância do complexo de enfezamento. Por meio de controle de inseticidas químicos e agentes biológicos também é possível reduzir a população de cigarrinhas em níveis aceitáveis.
“Além disso, deve se ter atenção quanto a sensibilidade dos híbridos sobre a questão do complexo de enfezamento, pois quando semeado um híbrido mais sensível no fechamento do plantio há uma maior probabilidade de ocorrer o enfezamento devido ao fato das cigarrinhas migrarem das plantas mais velhas para as plantas mais novas. Ou seja, as cigarrinhas que estão presentes nas plantas que foram semeadas na abertura do plantio tendem a migrar para áreas onde o milho foi semeado no fechamento do plantio”, apontou Sâmilla.
MONITORAMENTO – A Fundação Rio Verde reforça que realizará o contínuo monitoramento e estudos sobre as práticas de manejo e eficiência de produtos, para orientar os produtores de como conviver com a cigarrinha-do-milho na lavoura.
“Devemos entender que a pesquisa de um ano não traz um cenário total sobre a questão da cigarrinha na região e sobre os danos que ela causa, por isso é tão importante investir nesse tipo de pesquisa para que a gente possa entender sobre a evolução ou a redução da população e os danos que a cigarrinha está causando sobre a transmissão do complexo de enfezamento na lavoura de milho“, alertou a pesquisadora.