O mercado pecuário foi surpreendido com a confirmação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) do caso de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB) em um animal de nove anos no Pará. Além do efeito imediato sobre a arroba, recuo de cerca de 3,4%, é possível que novas retrações sejam contabilizadas nos próximos dia, já que carne bovina que tinha a China como destino, terá de ser redistribuída e com certeza será trazida para o consumo interno. Esse movimento em um mercado sem grandes demandas, deve segurar as necessidades de compras dos frigoríficos, alongando as escalas de abates e travando ainda mais os novos negócios.
“Vulgarmente conhecida como ‘vaca louca’, a EEB, em sua forma atípica, ocorre de maneira espontânea em animais mais velhos e não apresenta risco para o consumo humano. Ainda assim, o ocorrido resultou na paralisação das negociações da proteína animal que em função do protocolo sanitário, as certificações de carne bovina estão suspensas temporariamente pelos próximos dias, aguardando a retomada da China”, explicam os analistas do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).
Na prática, como destacam os analistas, a notícia trouxe impactos negativos para o boi gordo no contrato corrente da B3 – Bolsa de Valores brasileira – que chegou a registrar queda de 3,47% no dia 22 deste mês em relação ao dia 17, após a nota informativa do Mapa.
“No âmbito nacional, a carne bovina que seria destinada para a China deverá ser redistribuída para o mercado interno, o que pode impulsionar a pressão negativa dos preços sobre as cotações”, apontam os analistas do Imea.
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RELAÇÃO DE TROCA – A relação de troca (RT) entre milho e boi gordo subiu, enquanto entre o farelo de soja e boi gordo segue lateralizada nessa reta final de fevereiro. A conjuntura baixista perdurou sobre a cotação da arroba do boi em Mato Grosso, que foi negociada na média de R$ 242,54, desvalorização de 1,57% ante a janeiro.
Já o preço do farelo de soja, apresentou recuo de apenas 0,35% ante a janeiro e ficou na média de R$ 2.681,87/t, fixando a RT com o boi gordo em 0,09 t/@ (-1,22% ante a jan.23). “Contudo, o destaque foi para a saca de milho, que baixou 5,36% ante a janeiro e fixou-se na média de R$ 60,08/sc. Em partes, a queda esteve pautada pelo início da colheita da soja, a fim de liberar espaço para a oleaginosa nos armazéns ocupados pelo grão. Desse modo, a relação de troca do milho com a arroba do boi avançou 4% ante a janeiro e fixou-se em 4,04 sc/@, o que tornou a relação mais favorável para o pecuarista, uma vez que o cereal é um dos alimentos energéticos mais utilizado nas rações de bovinos”.