Poeira, buracos, subidas perigosas, decidas íngremes, atoleiros e condições mínimas de rodagem. Esta é a realidade do pecuarista que precisa escoar a carga na região de Cotriguaçu. Percorrendo o trecho da MT-170, entre Colniza e Cotriguaçu, passando pelo distrito de Nova União, a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), constatou a dificuldade enfrentada por pecuaristas. O trecho com aproximadamente 150 quilômetros sem asfalto, com vilas, igrejas, sítios, comércios e escolas estaduais e municipais, é utilizado diariamente por moradores, caminhoneiros e pessoas que precisam se deslocar. Porém, a distância que poderia ser percorrida em menos de duas horas em uma rodovia comum, leva cerca de cinco horas.
Durante a realização do Acrimat em Ação, maior evento itinerante da pecuária de corte, a equipe percorreu o trecho da MT-170. Para o diretor técnico da Acrimat, Francisco Manzi, a situação é precária e precisa de uma solução.
“Ficamos surpresos com a dificuldade que os pecuaristas enfrentam para enviar os animais para o abate nesta região. Durante o deslocamento, dificilmente conseguimos andar acima de 30 km/h. Para quem transporta animais vivos o desafio é maior, visto que qualquer estresse e lesão, afeta no peso e na qualidade da carne no abate”, explica Manzi.
O transporte de gado deve ser feito com o mínimo desgaste e estresse para o animal. Ao percorrer muitas horas de viagem, o animal começa a apresentar alguns sintomas, entre eles, o gado cansa e começa a deitar dentro do caminhão. “Essa situação é problemática porque, geralmente, há muitos animais juntos, o que aumenta a pressão sobre eles. Quando um animal é pisoteado pelos outros, pode resultar em hematomas na carcaça e até fazer com que outros animais tropecem ou caiam. Além disso, a estrada precária faz com que os animais se batam dentro da carreta”, explica Francisco Manzi, que também é médico Veterinário.
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Segundo o Imea, Colniza detêm o quarto maior rebanho de Mato Grosso. Cotriguaçu, apesar do tamanho do município está entre os 20 maiores produtores de carne do Estado. O frigorífico que atende a região é o de Juruena e por muitas vezes, essa rota da MT-170, é a única utilizada.
Durante o Acrimat em Ação, não é novidade encontrar a MT-170 em situação precária. Em 2023, a equipe encontrou no trecho entre Juruena e Castanheira, caminhões carregados com animais, há três dias atolados.
“Um animal desse aí vai chegar todo machucado. Dentro do frigorífico ele vai passar por uma limpeza pós abate e aí se perde muito. Não só o pecuarista, mas como o estado mesmo, que vai diminuir a incidência de ICMS dentro da nota fiscal. Então, todo mundo perde. O frigorífico perde, o estado perde e o pecuarista”, pontua o gerente de Relações Institucionais da Acrimat, Nilton Mesquita Junior.