A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) vai requerer, às autoridades competentes, a revisão do protocolo entre Brasil e China para exportação de carne bovina, diante da confirmação de um caso atípico de Encefalopatia Espongiforme Bovina, conhecida como mal da “vaca louca”, em uma propriedade no município de Marabá (PA).
O protocolo sanitário, firmado entre os dois países, determina que as exportações para a China sejam temporariamente suspensas a partir da identificação do registro da doença, mesmo que de forma atípica. Desse modo, com a confirmação da doença, a suspensão se iniciou na última quinta-feira, conforme anúncio do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro.
O diretor-presidente da Acrimat, Oswaldo Pereira Ribeiro Júnior, explica que essa suspensão é reflexo de um “acordo mal redigido”, que não fez a diferenciação entre a doença, que tem o tipo clássico e o atípico. A doença atípica não causa nenhum prejuízo à saúde humana e, portanto, não oferece risco.
“Um acordo mal redigido em 2015, entre Brasil e China, não separou as duas formas da doença. E quando se identifica um caso ocorre automaticamente o embargo. Isso significa que o Brasil para imediatamente de exportar para a China, provocando um caos econômico em toda a cadeia. No último episódio, em 2021, quando ocorreu situação semelhante, tivemos quase 100 dias para retomar as exportações, com prejuízos incalculáveis para o setor”, afirmou.
Por isso, segundo Oswaldo, a entidade está preocupada com o cenário atual da pecuária – com custos crescentes de produção e preços muito baixos na arroba –, que sofrerá ainda mais com a suspensão das exportações. Hoje o país asiático é um dos principais destinos da carne bovina brasileira e Mato Grosso é o estado com o maior rebanho bovino do Brasil.
Leia também: Exportações de carne bovina à China estão suspensas no Brasil
“Estamos solicitando às autoridades competentes que revisem esse acordo, para que não fiquemos reféns de casos semelhantes, que podem ocorrer esporadicamente, principalmente num rebanho grande como o brasileiro, como ocorreu”, disse.
O caso atípico registrado acometeu um animal macho de nove anos criado em pasto, sem ração, e que já foi abatido e sua carcaça incinerada no local. Portanto, não representa nenhum aos demais animais e aos humanos. Inclusive, a própria Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) já colocou o Brasil como área de risco insignificante para a doença propriamente dita.
“A Acrimat está muito preocupada com o atual momento pelo qual a pecuária está passando. Agora temos que enfrentar um novo problema, que é o da famosa vaca louca que de louca não tem nada. Trata-se apenas da forma atípica, uma degeneração cerebral causada, principalmente, pela idade avançada dos animais, sem o mínimo risco sanitário para os outros animais e para a população também”, garantiu o diretor presidente da Acrimat.