A terceira edição da série Mato Grosso Clima e Mercado, realizada pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT), percorreu, em sua primeira semana, 3 mil quilômetros pela região norte do estado. Ao todo, 14 cidades e propriedades rurais foram visitadas e 22 entrevistados, incluindo produtores, delegados regionais e membros da diretoria da Aprosoja MT, compartilharam suas experiências.
Em Nova Mutum, o produtor Andrey Costa Beber, relatou que o atraso nas chuvas resultou em uma janela de plantio da safrinha de milho 15 dias mais curta, um problema também sentido em Lucas do Rio Verde, onde a estiagem e o atraso das chuvas têm se intensificado nos últimos dois anos.
O produtor Sestilio Jose de Marco apontou que, apesar das dificuldades, o plantio foi possível. “Todo mundo começou os plantios mais tarde, porque não havia umidade para plantar antes, o que encurtou a janela para o milho, dificultando a colheita e a entrega do grão. Vamos torcer para que não chova na colheita, pois, se chover, será preciso dobrar a capacidade de transporte”, explicou.
Em Nova Ubiratã, Rodrigo Franzoi de Oliveira, delegado de Sorriso e produtor, se mostrou preocupado com o risco de doenças nas lavouras, que podem afetar a colheita de toda a região. Em Sinop, o produtor Jonas Felipe Riffel destacou a preocupação com os custos da produção. “Este ano, os preços da soja estavam mais condizentes com o mercado, o que nos permitiu nos preparar melhor, ao contrário do ano passado, quando compramos produtos a preços altos, mas a soja caiu na hora de pagar”, comentou.
Em Marcelândia, Alexandre Falchetti, delegado coordenador e produtor, apontou que a principal preocupação está na logística de entrega da produção e no atraso da janela da safrinha do milho. A situação também é preocupante em Terra Nova, onde o produtor Fernando Bertolin mencionou o impacto do atraso das chuvas no planejamento da safra e a redução de investimentos. “O atraso no início da safra já preocupa pela concentração de colheita, que pode afetar a logística e a qualidade dos grãos”, afirmou.
Outras cidades, como Paranaíta e Juara, também enfrentaram desafios semelhantes devido ao clima e ao atraso do plantio. Carina Ossani Kasprzak, delegada e produtora de Juara, comentou sobre a sobrecarga dos armazéns e a escassez de caminhões, o que dificultará o escoamento da produção.
Em Itanhangá, o delegado de Tapurah, João Batista de Souza, relatou problemas com a logística e a perda de grãos, devido à falta de armazéns e à demora para descarregar os caminhões. “Esse ano atrasou um pouco o plantio. Começamos ao inverso do que era os outros anos. O problema da logística também é a carreta, a perda de grão na lavoura, porque os caminhões ficam lá no armazém até três dias para descarregar, enquanto isso o produtor, que depende do frete, fica na lavoura com as máquinas paradas, deixando de colher o grão”.
O vice-presidente norte da Aprosoja MT, Diogo Balistieri, acompanhou as gravações e destacou a importância da série para ilustrar como a estiagem foi diferente em cada região do estado.
“O problema com a estiagem foi mais pelo atraso em si do que pela falta de chuva. O atraso da chuva prejudica na janela do milho safrinha, pensando lá na frente. O atraso da chuva, sim, prejudicou. Mas, pensando não na produtividade do solo, porque acredito que será muito melhor este ano. Até porque um atraso não significa que haverá perda na produção. Pode ser que haja perda lá na frente com o milho, mas isso a gente está vendo”, afirmou Balistieri.
O vice-presidente também destacou a relevância da série, onde os produtores e delegados destacaram de forma voluntária como está a sua lavoura, permitindo que outros produtores tenham acesso dados essenciais para a tomada de decisões no campo.
“Cada produtor, pequeno ou médio, na abrangência do estado inteiro, isso acabará atingindo todos os produtores, seja na sua região ou não. Com a série, o produtor vai poder ter uma base, da região e de outras”, completou.
Além disso, Diogo Balistieri expressou agradecimentos aos produtores que estão colaborando com a série, cedendo suas propriedades e compartilhando seus depoimentos. “Fazemos um convite a todos os produtores, associados ou não da Aprosoja MT, para acompanharem os episódios da série Mato Grosso Clima e Mercado. É muito importante, porque eles acabam tendo informações gratuitas, e essas informações são passadas pelo próprio produtor, sem interesse por trás disso. Simplesmente está mostrando a realidade de todas as regiões”, concluiu.
Ontem, (25), a série retornou os trabalhos, desta vez, para o leste do estado, com o objetivo de entender as condições das lavouras dessas regiões.
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