Na semana passada escrevi neste espaço artigo sobre as articulações políticas dos partidos pra indicarem candidatos à eleição do futuro prefeito de Cuiabá, em 2024. Critiquei a pressa dos partidos em escolherem candidatos defensores dos interesses políticos e em nenhum momento os interesses da sociedade cuiabana. Como era de se esperar recebi muitas contribuições. Algumas críticas, outras contra e também a favor.
Em linhas gerais a conclusão a partir das contribuições é que a política está no fundo do poço. A credibilidade é quase nula. E a confiança é menor ainda. Isso tem explicação. A última eleição foi polarizada entre os candidatos Emanuel Pinheiro, em reeleição, e o vereador Abílio Brunini. Ambos sob fortes questionamentos da sociedade. No segundo turno o prefeito se reelegeu. Mas não foi uma escolha de qualidade. Foi a rejeição do oponente que pesou na eleição.
A gestão do prefeito eleito vem perdendo substância dia após dia. Por último a crise a intervenção na saúde do município foi a gota d´água. Demonstrou que uma escolha ruim não termina na eleição. Prossegue deixando marcas cada vez piores ao longo do mandato.
Depois de uma gestão dessa qualidade é de se esperar que a capital, onde o público eleitor, forçosamente deve ser o mais politizado entre todos os municípios, faça escolhas melhores. Mas quando essas escolhas vêm exclusivamente dos partidos políticos só se pode esperar o pior. O leitor certamente perguntará o por que. A resposta é dolorida. Não existem mais partidos políticos. São agrupamentos de negócios e de interesses de grupo. Não se conectam em nenhum momento com o eleitor.
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Um candidato indicado por um partido político merece mais desconfiança do que esperança. No artigo anterior tracei alguns cenários do futuro da capital de Mato Grosso face à economia do Brasil e à macroeconomia mundial. Como aceitar a escolha de candidatura paroquial com olho exclusivo nas próximas eleições e no poder político do cargo de prefeito? Cito um único dado econômico pra gerar reflexões: Mato Grosso superou a Argentina na produção de soja e é hoje o 3º produtor mundial. O reflexo disso nas sucessivas cadeias econômicas é assustador. E reflete na capital. Não cabem mais amadorismos.
A conclusão pode parecer dura, mas é necessária. Não se pode mais admitir um “compadre político” querendo administrar a capital nesses próximos anos decisivos, com o olhar em dois únicos pontos: no orçamento e na sua carreira eleitoral namorando a próxima eleição. Não dá mais. O exemplo está aí!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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