O produtor deve investir na cultura do milho para melhorar o desenvolvimento das plantas e assim colher mais. A dica é reforçada pelo engenheiro agrônomo, pesquisador com pós-doutorado e sócio-diretor da NemaBio, Claudinei Kappes.
Alguns pontos são fundamentais para se obter alta produtividade em milho. Primeiro, o regime de chuvas, já que o principal “insumo” na safrinha se chama água, ou seja, conforme Kappes relata, não adianta o produtor dispor da melhor genética, das melhores estratégias de manejo da adubação, de pragas e doenças, ou da melhor máquina e equipamento, se no meio do caminho faltar água. O segundo fator é apontado por ele como sendo a escolha do híbrido. “O mercado está cheio de ofertas de genética com alto desempenho produtivo, basta o produtor acertar na escolha do material, a qual também deve ser baseada na época de semeadura, reação às doenças, região e manejo”, diz.
O terceiro ponto é o bom manejo da adubação, pois uma planta nutrida adequadamente responde bem ao quesito boa distribuição de chuva e também à genética. O quarto fator é a altitude, normalmente regiões altas são mais propícias para a semeadura do milho, já que a temperatura noturna é amena. “Em regiões de maior altitude, a temperatura noturna é menor do que as de menor altitude e, consequentemente, no final do dia a planta tem uma fotossíntese líquida maior, pois ela respira menos e tem menor gasto energético no período noturno”, relata Kappes.
ADUBAÇÃO NITROGENADA – O especialista alerta para a importância de se fazer a adubação nitrogenada no momento da semeadura. Ele conta que, em Mato Grosso, a maioria dos produtores faz somente a adubação de cobertura tradicional, que é a aplicação do nitrogênio (N) entre os estádios de desenvolvimento V4 e V6 (quando o milho tem entre quatro e seis folhas expandidas).
Diversos estudos mostram, inclusive no Estado, que a adubação nitrogenada, quando aplicada no momento da semeadura, tanto no sulco como a lanço, propicia um delta de produtividade, podendo retornar ao produtor de 15 a 20 sacas por hectare a mais em relação ao manejo da adubação tradicional de cobertura. “É por isso que precisamos chamar atenção. Na safrinha, por exemplo, lutamos contra o tempo. Semeamos milho em janeiro e fevereiro, ocasião em que vai se encaminhando naturalmente para o fechamento do período chuvoso. Essa adubação nitrogenada, na ocasião da semeadura, estimula o arranque inicial da planta e o seu maior enraizamento em relação ao manejo tradicional”, detalha o pesquisador.
Leia também: Sem chuvas há 25 dias, sojicultores de MT começam a estimar perdas na safra nova
Com maior desenvolvimento radicular, a planta consegue ter maior tolerância a uma eventual escassez de água, pois explora de maneira mais efetiva o perfil do solo e, consequentemente, favorece a obtenção de maiores produtividades.
SEGREDO PARA UMA BOA SAFRINHA – Para conseguir uma boa produtividade de milho na safrinha, Kappes dá algumas dicas. Para ele, é preciso primeiro torcer para que as chuvas não se encerrem na época crucial do milho, a do florescimento, fase em que pode acontecer as maiores perdas de produtividade. Outra questão é a época de semeadura, quanto mais cedo semeá-lo melhor é.
“O sucesso do milho safrinha começa na semeadura da soja, quanto mais cedo conseguir semeá-la dentro da época recomendada, mais cedo ela vai ser colhida e, consequentemente, melhor será a época de semeadura do milho. Ademais, o bom dimensionamento do parque de máquinas pode favorecer a semeadura do milho dentro de uma época adequada, mediante o uso de um conjunto trator-semeadora de elevado rendimento operacional (ha/dia)”, reforça.
Atenção também deve estar no manejo da cultura, há algum tempo não havia tanta preocupação com as doenças em milho. Mas hoje é comum três até quatro aplicações de fungicidas. “No geral, esperamos que o produtor passe a investir mais na cultura. O que ajuda a determinar um maior ou menor investimento é o preço futuro do cereal. Hoje, Mato Grosso passa por um preço muito bom em relação ao passado e isso impulsiona o produtor a adubar mais e melhor, a adotar uma genética boa e usar melhores programas fitossanitários. O consumo interno também tem sido relevante na precificação do grão colhido, hoje se consome dentro do Estado quase 30% do que é produzido”, completa.
Leia mais: Oferta de milho deverá ser novamente recorde e superior à soja, aponta o Imea