A Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas (FCDL/MT) traz no Panorama do Comércio deste mês de março uma retrospectiva da evolução das vendas do comércio varejista no estado de Mato Grosso. Com dados que cobrem o período de 2000 a 2022, constata-se que o setor registrou forte crescimento das vendas ao longo das últimas décadas. Esse bom desempenho foi interrompido pela recessão econômica que atingiu o país entre 2014 e 2016. As vendas do varejo do Estado sentiram o efeito desse ciclo econômico a partir de 2015: no biênio 2015-2016, as vendas recuaram a uma taxa média anual de 6,1%.
A recuperação começou a partir de 2017. Entre 2017 e 2019, o crescimento médio anual foi de 4,0%. Em seguida, vem o período marcado pela pandemia. Observa-se, no entanto, que os efeitos da recessão de meados da década foram muito mais pronunciados do que o efeito da pandemia. Nos últimos três anos, mesmo com as restrições ao funcionamento das atividades econômicas, a taxa de crescimento do volume de vendas foi de 3,9%.
De acordo com o IBGE, o desemprego em Mato Grosso atingiu o menor valor da série histórica. Refletindo esse momento do mercado de trabalho, a renda média do trabalho descolou-se do resultado nacional e chegou a R$ 3,08 mil, registrando um crescimento expressivo ao longo de 2022. Se o desemprego é o menor da série histórica, a renda média é a maior registrada.
A renda média real foi impactada pelo avanço da inflação ao longo de 2021. O aquecimento do mercado de trabalho, aliado à desaceleração inflacionária mais recente, tem permitido a recuperação deste indicador.
Para o presidente da Federação das CDLs de Mato Grosso, David Pintor, mesmo tendo mantido um bom ritmo de crescimento das vendas no último triênio – um período, vale frisar, marcado pela pandemia – o crescimento médio ainda está abaixo do verificado nos anos 2000.
“Acreditamos que essas dificuldades enfrentadas diminuíram inclusive o poder de compra do cidadão, contudo, nosso Estado é muito rico e próspero, então, nossa expectativa é a de que nossa economia volte a ascensão a partir dos próximos anos e a recuperação da renda poderá contribuir para que o varejo se consolide em um ritmo maior de expansão do varejo no Estado“, disse David Pintor.
VENDAS DO COMÉRCIO – Esta edição do Panorama do Comércio coloca o desempenho das vendas do varejo de Mato Grosso numa perspectiva histórica. A análise cobre o período que vai de 2000 a 2022, período em que a economia brasileira foi afetada por crises internas e por um choque sanitário sem precedentes.
Constata-se que, no biênio 2015-2016, quando o país mergulhou numa recessão severa, as vendas do varejo do estado de Mato Grosso foram mais impactadas do que durante a pandemia. Entre 2015 e 2016, as vendas do setor tiveram uma queda média anual de 6,1%. No período anterior, de 2001 a 2014, as vendas do varejo do Estado cresceram a uma taxa média de 5% ao ano.
Entre 2017 e 2019, anos que marcaram a saída do país da recessão, as vendas do varejo estadual cresceram a uma taxa média anual de 4% Ao final desse período, o nível de vendas aproximou-se do verificado antes da recessão. A partir de 2020, o desempenho das vendas refletiu as medidas de isolamento. Depois de uma queda inicial no 2º trimestre de 2020, a recuperação foi rápida, o que garantiu a Mato Grosso um crescimento médio das vendas próximo do verificado no período de 2017 a 2019.
MERCADO DE TRABALHO – Dados divulgados pelo IBGE permitem uma atualização sobre o mercado de trabalho em Mato Grosso. De acordo com esses números, no 4º trimestre de 2022, a força de trabalho do Estado chegou a 1,83 milhão, permanecendo próxima dos patamares vistos antes da pandemia. A força de trabalho é composta pelas pessoas que estão em alguma ocupação profissional e pelas pessoas que estão desempregadas, isto é, sem ocupação, mas à procura de uma vaga de emprego. Dentro da força de trabalho, a população ocupada chegou a 1,76 milhão, já os desempregados somaram, em números absolutos, 64 mil. A taxa de desemprego é calculada como a proporção dos desempregados na força de trabalho e alcançou 3,5%, depois de apresentar sucessivas quedas ao longo dos últimos trimestres. Essa taxa é a menor já registrada no estado desde o início da série histórica, em 2012.
Em Mato Grosso, a taxa de desemprego também ficou abaixo da observada na média nacional, que chegou a 7,9% no 4º trimestre de 2022.
MERCADO DE TRABALHO – Mato Grosso registra saldo positivo de criação de vagas em janeiro de 2023, mostra Caged, no setor do comércio, 578 vagas formais foram criadas.
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Complementando os dados do IBGE, os dados do Caged são divulgados com maior frequência, mas referem-se apenas ao mercado formal de trabalho. De acordo com esses números, o estado de Mato Grosso iniciou o ano de 2023 com saldo positivo de criação de vagas. Em janeiro, 13.715 postos formais foram criados no Estado. Esse saldo é obtido pela diferença entre o número de admissões e o número de demissões ocorridas no mês. No país como um todo, 83,3 mil vagas foram criadas.
O setor agropecuário foi o que mais contribuiu para o saldo positivo de criação de vagas (7.782) no Estado. Em seguida, aparecem o setor de Serviços, com a criação de 3.739 vagas formais, e o setor de Construção (992).
Já o setor do comércio apresentou um saldo de criação de 578 vagas formais, mesmo num mês marcado pelo encerramento de contratos temporários. Esse número resultou da admissão de 14.992 trabalhadores e da demissão de 14.414.
INDICADORES DE RENDA – As últimas edições do Panorama têm mostrado o dinamismo dos diferentes setores no estado de Mato Grosso. Esse dinamismo está refletido nos dados de desemprego e nos dados sobre a evolução da renda média real do trabalho no Estado.
De acordo com o IBGE, a renda média real habitualmente recebida no estado de Mato Grosso descolou-se da renda média nacional e chegou a R$ 3,08 mil no 4º trimestre de 2022.
Para comparação, a renda média verificada no país como um todo foi de R$ 2,73 mil. Verifica-se ainda que, no país como um todo, a renda média segue abaixo da observada no 1º trimestre de 2020. Já em Mato Grosso, o patamar visto no 4º trimestre de 2022 ficou 11% acima do verificado no início de 2020. A renda real desconta o efeito da inflação, o que permite a comparação ao longo do tempo. Um dos motivos da queda da renda real foi justamente o avanço dos preços observados ao longo de 2021.
Merecem destaque os dados da massa de salário habitualmente recebida por mês pela população ocupada, que chegou a 5,47 bilhões no 4º trimestre de 2022.
INFLAÇÃO (IPCA) – Em fevereiro de 2023, na região Centro-Oeste, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registrou alta de 4,8% no acumulado de 12 meses, segundo dados do IBGE. O IPCA é o índice oficial de inflação do país, medido em 16 estados. O resultado ficou abaixo da média nacional, que registrou alta de 5,6% na mesma base de comparação.
Analisando a evolução da variação do índice no acumulado, observa-se que a partir de meados de 2022 o ritmo de avanço dos preços diminuiu, isto é, os preços passaram a crescer a taxas menores. Isso não significa que os preços estão caindo, e sim que estão crescendo a uma taxa menor.
Na comparação mensal, isto é, entre fevereiro e janeiro de 2023, os preços cresceram, em média, 0,65% na região Centro-Oeste.
Por fim, cabe destacar que a variação dos preços não tem sido homogênea. Observa-se que, no dado nacional, os itens de vestuário exibiram um ritmo elevado de aumento de preços (15,2%). Na outra ponta, os itens de habitação e os serviços de transportes registraram variação dos preços de, respectivamente, 0,5% e -0,7% no acumulado de 12 meses.